O agronegócio precisa se preparar para os impactos da mudança climática

A mudança climática está afetando o mundo e a forma como vivemos. Basta acompanharmos as notícias, que podemos ver esses impactos de forma clara e nítida.
Um exemplo disso foram as chuvas que atingiram o Sul do Brasil em setembro, resultado de um ciclone extratropical muito mais forte do que os usuais. É verdade que esse tipo de ocorrência não é incomum, mas, segundo especialistas, o aumento das temperaturas e o efeito do El Niño aumentaram o poder do ciclone, que causou, mortes e destruição.

Quando olharmos especificamente o agronegócio gaúcho, conseguimos ter uma dimensão do impacto financeiro do clima instável. De acordo com o relatório divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN), as cheias que atingiram 106 municípios do Rio Grande do Sul resultaram em prejuízos no agro que ultrapassam R$ 1 bilhão, incluindo perdas na agricultura e na pecuária. Quase 30 mil animais morreram e safras inteiras de milho e trigo foram perdidas.

Agravando esse quadro, muitos produtores rurais da região não tinham nenhuma forma de cobertura ou seguro, impossibilitando uma recuperação financeira de curto e médio prazos.
Em outras palavras, além dessa realidade, o ciclone extratropical também trouxe um fato importante: o agronegócio não está preparado para os impactos da mudança climática, e precisa de inovação em seguros.

Para se ter uma ideia disso, há cinco anos apenas 10% da área produtiva do Brasil possuía seguros rurais e/ou agrícolas. Atualmente, esse número não mudou muito, girando em torno de 15% da área produtiva do país.
Com instabilidades cada vez mais aparentes, estamos vendo, também, uma nova realidade envolvendo os seguros, que estão ficando mais caros e restritivos. Isso acontece principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste que são mais suscetíveis a este fenômeno.

Os danos diretos não são a única forma com a qual o clima está afetando os produtores rurais. Há também os indiretos, como a redução da produtividade, a alteração dos ciclos das culturas, a maior incidência de pragas e doenças e a necessidade de adaptação às novas condições climáticas. Esses fatores podem comprometer a competitividade e a sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro no cenário global.

Diante desse contexto, é fundamental que o agronegócio busque soluções inovadoras para se proteger dos riscos climáticos e garantir a sua resiliência. Uma dessas soluções é o seguro paramétrico, que utiliza índices objetivos para determinar as condições de pagamento das indenizações aos produtores rurais. Esses índices podem ser baseados em dados meteorológicos, como temperatura, precipitação ou vento, ou em indicadores de produção, como rendimento ou qualidade. O seguro paramétrico tem como vantagens a rapidez na liberação dos recursos, a transparência nos critérios de elegibilidade e a flexibilidade na contratação. Além disso, ele pode ser combinado com outras modalidades de seguro tradicionais ou complementares, como o seguro de renda ou o seguro de crédito rural.

O seguro paramétrico é uma ferramenta que pode ajudar o agronegócio a se adaptar aos desafios impostos pela mudança climática e a manter a sua competitividade no mercado. Por isso, é importante que os produtores rurais conheçam essa alternativa e avaliem as suas vantagens e desvantagens para o seu negócio. O futuro do agro depende da capacidade de inovação e gestão dos riscos climáticos.