Ministra Anielle Franco lança, em Belém, programa que garante mulheres negras e indígenas na ciência

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lançou na tarde desta quinta-feira, 20, em Belém, o Atlânticas: programa Beatriz Nascimento de mulheres na ciência. O evento foi realizado no Centro de Eventos Benedito Nunes da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O programa disponibiliza bolsas de estudo de doutorado e pós-doutorado no exterior, para mulheres negras, indígenas, quilombolas e ciganas, para fortalecer e estimular suas trajetórias acadêmicas.

Parcerias

A nova política afirmativa é uma parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério das Mulheres (Mulheres) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A Prefeitura de Belém foi representada pela titular da Coordenadoria Antirracista, Elza Rodrigues.

Para representar o compromisso assumido, um Protocolo de Intenção foi assinado pela ministra Anielle Franco, pelo diretor do Departamento de Línguas e Memórias do MPI, Eliel Benite, e pelo diretor científico do CNPq.

O evento reuniu autoridades políticas e acadêmicas, lideranças de movimentos sociais e comunidade acadêmica da UFPA, que acompanharam o pontapé inicial desta nova política afirmativa.

Política pública de base

Durante o lançamento, a ministra destacou a importância da parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura de Belém. “Toda e qualquer Prefeitura, hoje, neste país, tem que estar em parceria com o Governo Federal, acho que é importante começar por aí, porque a gente sabe que as políticas públicas precisam chegar na base”, pontuou Anielle.

Ela também ressaltou a importância de políticas voltadas às mulheres no âmbito da educação. “Nós, mulheres negras, precisamos estar em todos os espaços de decisão. Várias vezes o sistema diz que não é pra gente, mas a gente tem exemplos de mulheres como a professora Zélia (Amador), e tantas outras, que abriram caminho pra nós”,  enfatizou a ministra.

Fundamentais

Professora emérita da UFPA, Zélia Amador de Deus também destacou a importância histórica da luta das mulheres negras no país, como a da historiadora Beatriz Nascimento, homenageada no nome do novo programa. Zélia lembrou, inclusive, da comemoração do Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, que ocorre no próximo dia 25 de julho.

“No Brasil nós tivemos mulheres negras que ajudaram e foram fundamentais para a construção dessa data, a gente não pode esquecer de Lélia Gonzalez e nem de Beatriz Nascimento, que dá o nome a esse programa”, reafirmou Zélia Amador

Inclusão

A coordenadora Antirracista da Prefeitura de Belém, Elza Rodrigues, explica a importância de receber o lançamento do Atlânticas na capital paraense. “É um momento de muita alegria ver a ministra Anielle Franco aqui em Belém, e, especialmente lançando um projeto como esse, que é a inclusão das mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas na ciência”.

Segundo Elza, ao facilitar, com uma política pública, a participação dessas mulheres na pesquisa científica, se gera sem dúvida um paradigma para incluir essas populações, “infelizmente tão excluídas da academia”.

Para Élida Monteiro, quilombola do município de Acará, representante da Coordenação Escolar Quilombola do Estado do Pará, o novo programa trará avanços. “Essa é uma grande possibilidade de avanço das nossas pesquisas, enquanto mulher negra, de dar evidência ao movimento negro e ao movimento quilombola, porque a gente tem visto muitas pesquisas feitas sobre nós, mas nós queremos nos ver nessas pesquisas, nós queremos construir essas pesquisas”, afirma Élida.

História

Beatriz Nascimento, homenageada no nome do programa, foi uma historiadora negra, nascida em Aracaju-SE, que aos 7 anos se mudou para o Rio de Janeiro-RJ. Ela defendia a necessidade de se contar a história afro-brasileira a partir da perspectiva negra, apagada pela história oficial, “contada pelos brancos”. Beatriz se destacou no estudo dos quilombos e foi pioneira na pesquisa e na defesa do povo negro brasileiro como protagonista da própria história.

Autor: Douglas Borges (estagiário) com supervisão de Edna Nunes

Texto: Prefeitura Municipal de Belém