Escolas municipais de Belém celebram o Centenário do escritor Benedicto Monteiro

 

Nesta quinta-feira, 29, diversas escolas municipais estão realizando uma série de atividades literárias para comemorar o centenário do renomado escritor paraense Benedicto Monteiro. Suas obras, especialmente a tetralogia amazônica – “Verde Vagomundo”, “O Minossauro”, “A Terceira Margem” e “Aquele Um”, são reconhecidas internacionalmente. Seu livro de contos “O Carro dos Milagres” é leitura obrigatória para o vestibular e tem sido adaptado para o teatro e o cinema, tendo sido premiado pela Academia Paraense de Letras.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vanda Célia, localizada no distrito de Icoaraci, os alunos do 9º ano estão sendo introduzidos ao universo encantador das obras de Benedicto Monteiro, sob a orientação do professor José Antônio Júnior, responsável pelo projeto “Mediação de Leitura”. Para facilitar a compreensão das obras do autor, o professor produziu um livreto em quadrinhos.

Júnior, que tem 11 anos de experiência na educação municipal de Belém e é um grande admirador dos livros de Monteiro, afirma: “Nas escolas, incentivamos a prática da leitura entre os nossos estudantes, especialmente de autores paraenses, e Benedicto Monteiro é um deles”. Segundo o professor, a obra de Benedicto é fascinante não só por retratar a riqueza da linguagem e do imaginário amazônico, mas também por questionar as concepções de progresso na complexa Amazônia.

Yasmin Lorrany Pimenta, estudante de 14 anos, acredita que os jovens precisam conhecer mais sobre a literatura de Monteiro. “A maneira como ele desenvolve o personagem adiciona muita riqueza à história, assim como seu estilo de escrita e os aspectos da cultura regional”, diz Yasmin.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco da Silva Nunes também reservou um espaço para Monteiro em sua biblioteca. Eliana Malato, diretora da escola com 10 anos de experiência na rede municipal, enfatiza a importância de conhecer os escritores locais. “Nossos estudantes precisam conhecer a história de Belém e do Pará através dos olhos desses autores que nos enchem de orgulho”, destaca a diretora.

O escritor e poeta Antonio Juraci Siqueira, nosso ilustre “boto”, também ressalta a importância de Benedicto Monteiro para a nossa literatura. “Em minha opinião e sentimento, ele se destaca na linguagem coloquial, fora da norma culta, ao usar os termos ‘disque’ e ‘paresque’”.

Araceli Lemos, secretária municipal de Educação, afirma que a formação de novos leitores e o incentivo à leitura são diretrizes da gestão. “Somos um celeiro de autores paraenses que retratam com excelência a realidade amazônica. Eles são prioridade nos espaços de leitura de nossas escolas. Benedicto Monteiro é essencial”, destaca a secretária.

Vida e Obra

Benedicto Monteiro, bacharel em Ciências Jurídicas, exerceu as funções de promotor público, juiz e secretário de Estado. Foi eleito deputado estadual, mas foi cassado em 1964 pelas forças do regime militar, sendo preso e torturado. Seus direitos políticos foram suspensos por mais de 10 anos.

Após sair da prisão, Monteiro dedicou-se à advocacia agrária e à literatura, publicando o livro “Direito Agrário e Processo Fundiário” e várias obras de poesia e ficção. Antes de falecer, em 15 de junho de 2008, conseguiu concluir e lançar seu último livro, “O Homem Rio”.

Benedicto Wilfred Monteiro nasceu em 1º de março de 1924, em Alenquer, filho de Ludgero Burlamaque Monteiro e Heribertina Batista Monteiro. Publicou seu primeiro livro de poesia, “Bandeira Branca”, em 1945. Casou-se com Wanda Marques Monteiro, com quem teve cinco filhos, netos e bisnetos.