Belém Inaugura Primeira Casa de Acolhimento para Pessoas LGBTQIA+


Em uma iniciativa inédita, Belém lançou oficialmente a Casa de Acolhimento LGBTQIA+, uma colaboração entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e a Prefeitura de Belém. O evento de inauguração, realizado na sexta-feira, 7 de junho, contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e outras autoridades. A nova casa servirá como ponto de apoio e encaminhamento para pessoas LGBTQIA+ que enfrentam violência doméstica.

Symmy Larrat, secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do MDHC, enfatizou a escolha de Belém para sediar a primeira unidade devido às severas exclusões sociais na Amazônia. “Belém possui todos os indicadores que tornam necessário implementar políticas de reparação na origem. Fazer a primeira casa aqui é de extrema importância”, afirmou Larrat, que é natural da capital paraense e tem uma trajetória significativa como ativista.

Modelo de Acolhimento

O MDHC anunciou um investimento de R$ 611 mil na construção da casa, que servirá como modelo público de acolhimento em Belém. Esta ação é parte do programa LGBTQIA+ Cidadania, que inclui iniciativas voltadas ao enfrentamento da violência e à promoção do trabalho digno. Durante a cerimônia, dois documentos fundamentais foram assinados: o de desapropriação do imóvel onde funcionará a casa e o Protocolo de Intenções, que assegura moradia, emprego, educação, capacitação e acesso a serviços de saúde.

A cerimônia também prestou homenagem à Darlah Farias, uma advogada e ativista LGBTQIA+ falecida recentemente, cujo nome foi escolhido para a Casa de Acolhimento. “Isso é fundamental numa política tão importante, porque é uma política de memória, de direitos humanos. Temos que reconhecer que o presente é resultado da luta de muitos que tombaram para que pudéssemos estar aqui”, destacou o ministro Silvio Almeida.

Um Marco Histórico

Patrícia Gomes, uma das cofundadoras do Coletivo Sapato Preto, celebrou a implantação da casa em Belém como um reconhecimento do árduo trabalho das ativistas. “A Casa do Programa Acolher+ é a concretização de anos de luta incansável por direitos e pela visibilidade social. Esse é um momento histórico para nós”, comemorou.

A administração da Casa de Acolhimento ficará sob a responsabilidade da Coordenadoria de Diversidade Sexual (CDS) de Belém. Jane Patrícia Gama, coordenadora da CDS, ressaltou a importância da iniciativa para a cidade e para as pessoas mais vulneráveis. “A Casa de Acolhimento é um marco que será muito bem-vindo para nossa cidade, especialmente para aqueles que sofrem violência e frequentemente não têm onde buscar apoio”, afirmou.

Compromisso com a Cidadania

Para o prefeito Edmilson Rodrigues, a desigualdade social atinge cruelmente os mais desamparados, especialmente em relação à expressão da sexualidade. “Essa desigualdade se manifesta na falta de casa, de comida, de escola, e na ausência do direito ao exercício pleno da cidadania para negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+. Estamos agora atendendo essa parcela, garantindo o mínimo para que essas pessoas possam encontrar o acolhimento necessário para seguir suas vidas”, explicou Rodrigues.

Homenagem a Darlah Farias

Darlah Farias, cofundadora do Coletivo Sapato Preto, deixou um legado significativo na luta pelos direitos humanos e pelos movimentos negro e LGBTQIA+. Em homenagem a sua trajetória, a nova Casa de Acolhimento receberá seu nome. Patrícia Gomes, companheira de Darlah, expressou a honra de perpetuar a memória dela. “A memória de Darlah nunca será apagada. O legado de sua luta pelos direitos das pessoas LGBTQIA+, mulheres e pessoas negras estará sempre vivo. Isso é uma honra para nós”, afirmou Patrícia.

Com esta iniciativa, Belém dá um passo significativo na promoção dos direitos e no apoio às pessoas LGBTQIA+, reafirmando o compromisso com a inclusão e a cidadania plena.