Na noite de segunda-feira, 11 de dezembro, o Palacete Faciola, um local que guarda a história da música paraense, foi palco de um evento significativo. Escritores, professores, artistas e admiradores da música paraense se reuniram para o lançamento dos volumes I e II do livro “A Música e o Tempo no Grão-Pará”. Esta obra é uma contribuição do renomado escritor Vicente Salles, organizada por sua viúva, Marena Salles, e publicada pela editora Paka-Tatu.

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, descreveu o evento como uma celebração do registro histórico que compila a maior pesquisa musicológica já realizada. “Esse momento aqui é de grande emoção”, disse ele, destacando seu papel na viabilização da publicação da obra por meio de uma emenda parlamentar durante seu mandato como deputado na Câmara Federal até 2020.

Marena Salles, professora de violino e viúva do escritor Vicente Salles, expressou sua emoção ao dizer: “É o maior registro histórico da música em nosso estado”. Os volumes I e II, lançados nesta segunda-feira, contam com prefácios produzidos pelo escritor e poeta João de Jesus Paes Loureiro e pelo professor e maestro Jonas Arraes, respectivamente.

Vicente Salles, nascido em 27 de novembro de 1931 na Vila do Caripi, município de Igarapé-açu, no nordeste do Pará, foi um dos maiores pesquisadores da cultura paraense. No final da década de 1950, ele ousou pesquisar a cultura dos negros na Amazônia, o que resultou em sua obra mais conhecida: “O Negro no Pará sob o Regime da Escravidão”. Esta obra foi escrita na década seguinte à pesquisa, mas só foi publicada em 1971, em parceria entre a Universidade Federal do Pará e a Fundação Getúlio Vargas.

Em 2010, Vicente Salles recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” da Universidade Federal do Pará (UFPA), em reconhecimento à sua contribuição e preservação da memória cultural e intelectual do Pará e da Amazônia. Ele foi historiador, antropólogo e folclorista paraense, considerado um dos mais importantes intelectuais do século XX, da Amazônia e do Brasil. Salles faleceu em 7 de março de 2013, no Rio de Janeiro, deixando um legado de 26 livros publicados, além de 51 livretos artesanais de pequena tiragem.

Este evento marca um momento importante na história da música paraense, celebrando a vida e o trabalho de Vicente Salles, cujas contribuições para a cultura e a música paraense continuarão a inspirar as gerações futuras.