O Ministério da Educação (MEC) do Brasil está empenhado em adaptar suas metodologias estatísticas para obter e incluir mais dados sobre a situação do ensino em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas no Censo Escolar. O objetivo é criar políticas públicas que proporcionem maior equidade à educação pública do país.

O Seminário “Dados para Quê?”

Para debater esse e outros temas relacionados, como modalidades de ensino e temáticas educacionais, foi realizado em Brasília o seminário “Dados para Quê? – Formulação, Financiamento, Monitoramento e Avaliação da Equidade Educacional”. O evento contou com a colaboração do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

Desafios na coleta de dados

Durante a abertura do evento, o presidente do Inep, Manuel Palácios, destacou que a principal fonte de dados sobre os estudantes é a ficha de matrícula. No entanto, muitos dados estão faltando, o que dificulta a obtenção de informações sobre as populações que são objeto de políticas específicas devido a uma situação vulnerável.

A importância dos dados completos

“Se queremos saber quem são os nossos estudantes e melhor caracterizar a sua situação, a solução é obter dados mais completos. Isso é relevante para definirmos o perfil dos beneficiários de políticas específicas”, afirmou Palácios. Ele ressaltou que quem conduz esses registros são as secretarias de Educação municipais e estaduais.

A busca por soluções

Essas lacunas, que dificultam a produção de informações, podem ser resolvidas com um “cuidado maior” na produção de dados na ficha de matrícula. “Precisamos apostar também no registro correto e adequado do Censo Escolar, a partir de um trabalho junto com os nossos secretários e diretores das escolas, para que esses dados cheguem sem lacunas até o Inep”, disse Palácios.

Desafios específicos

Ele classificou como desafios extremamente relevantes o acesso às escolas indígenas e o acesso, em especial, às escolas ribeirinhas localizadas de forma dispersa no Norte do país. “No caso das escolas indígenas, há uma grande discussão sobre como lidar com a avaliação de uma maneira que seja atenta às especificidades. É um desafio muito grande trabalhar com o português como segunda língua na avaliação do processo de alfabetização, e lidar também com a língua específica indígena”, argumentou.

A necessidade de articulação

Para a secretária Executiva do MEC, Izolda Cela, é imperativo que o MEC tenha uma articulação permanente com os entes federativos, uma vez que a avaliação dos dados sobre aprendizagem são “uma síntese valiosa que mede a qualidade da nossa entrega”, além de oferecer o acesso a informações que possibilitam a preparação de políticas e intervenções adequadas.

A busca por aperfeiçoamento

A secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC, Zara Figueiredo, reiterou que o Inep tem “excelência na produção de dados”, mas defendeu que “é hora de aperfeiçoarmos nossos indicadores”.

A busca por equidade na educação é um desafio constante e complexo. No entanto, com a coleta e análise corretas de dados, é possível criar políticas públicas eficazes que garantam uma educação de qualidade para todos, independentemente de sua origem ou situação. A iniciativa do MEC de adaptar suas metodologias estatísticas para incluir mais dados sobre comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas é um passo importante nessa direção.