Belém, cidade que em 2025 se prepara para receber a COP 30, ganhou nesta quinta-feira, 2 de outubro, dois marcos de infraestrutura urbana que devem transformar a vida de milhares de moradores e deixar legados permanentes para além da conferência climática. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou a Estação de Tratamento de Esgoto Una (ETE Una) e o Parque Linear da Nova Doca, ambos projetos estratégicos para a capital paraense.

Foto: Alexandre Costa / Ag. Pará

A agenda de visitas marca o início da contagem regressiva para a conferência, prevista para novembro de 2025, e evidencia que a preparação vai muito além da diplomacia ambiental. Trata-se também de um esforço para deixar à população uma cidade mais justa, saudável e acolhedora.

Saneamento como legado

A primeira parada do presidente foi na ETE Una, no bairro Telégrafo. Trata-se da maior estação de tratamento do Pará em número de pessoas atendidas, com capacidade para processar até 475 litros de esgoto por segundo. O investimento total foi de R$ 125,2 milhões, sendo R$ 49,5 milhões do Governo Federal e R$ 75,7 milhões do Governo do Pará.

O empreendimento, aguardado há quase duas décadas, enfrentou interrupções sucessivas desde que foi contratado em 2008. Paralisada três vezes ao longo de 17 anos, a obra só foi retomada em fevereiro de 2025 e, finalmente, entregue agora. Ao todo, gerou 1,5 mil empregos diretos e indiretos.

A estação vai beneficiar mais de 90 mil moradores de 10 bairros da capital. Entre eles, Campina, Nazaré, São Braz, Marco e Sacramenta, além da cobertura integral dos bairros de Umarizal, Fátima, Telégrafo, Pedreira e Reduto. O impacto ambiental também é relevante: a ETE Una evitará o despejo de esgoto in natura na Baía do Guajará, contribuindo para recuperar um dos principais ecossistemas urbanos de Belém.

Foto: Raphael Luz / Ag. Pará
Foto: Raphael Luz / Ag. Pará

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Parque Linear da Nova Doca

No início da noite, Lula seguiu para a cerimônia de entrega do Parque Linear da Nova Doca, erguido às margens do canal da Doca e da movimentada Avenida Visconde de Souza Franco. O espaço, realizado em parceria entre o Governo do Pará, o Governo Federal e a Itaipu Binacional, recebeu investimentos de R$ 312,2 milhões e ocupa 24 mil metros quadrados ao longo de 1,2 quilômetro.

Mais do que uma intervenção urbanística, o parque representa uma reconciliação da cidade com sua paisagem. O projeto combina mobilidade, lazer e sustentabilidade: há áreas de paisagismo, equipamentos para práticas esportivas, mirantes de contemplação, academia ao ar livre, parque infantil, quiosques e nova ciclovia arborizada. Além disso, a implantação de uma via elevada, com desenho que privilegia pedestres, promete melhorar o trânsito da região sem abrir mão da convivência urbana.

O canal da Doca também foi alvo de intervenções estruturais. Novas comportas foram instaladas e um sistema de coleta e destinação de esgoto foi incorporado, eliminando o despejo irregular que há décadas comprometia a qualidade da água.

Mais que preparação para a COP

A entrega das obras reforça uma narrativa de reconstrução e de legado. O presidente destacou que o objetivo não é apenas receber chefes de Estado em 2025, mas garantir que a cidade anfitriã se beneficie concretamente do esforço. A combinação de saneamento básico e espaços de convivência pública se torna, assim, símbolo de que o desenvolvimento urbano pode caminhar junto com a agenda climática e de sustentabilidade.

Para Belém, a ETE Una e o Parque da Nova Doca representam avanços em duas áreas historicamente negligenciadas: o saneamento e o acesso a espaços públicos de qualidade. Para a população, o benefício é imediato, mas também sinaliza uma virada de página: menos poluição, mais mobilidade e mais espaços de convivência.

À medida que a COP 30 se aproxima, as entregas ganham dimensão simbólica: não apenas preparar a cidade para o mundo, mas preparar o mundo para ver uma cidade amazônica em transformação.