Sono prejudicado pelo estresse pode levar a quadros de dor, aponta estudo

 

Um estudo recente conduzido por pesquisadoras da Universidade Federal de Sรฃo Carlos (UFSCar) revelou que o estresse e a qualidade do sono prejudicada estรฃo diretamente ligados ao aumento de dores musculoesquelรฉticas em trabalhadores da รกrea da saรบde. Publicada na revista Healthcare, a pesquisa acompanhou 125 profissionais de saรบde durante um ano, buscando entender como o estresse e o burnout influenciam na ocorrรชncia dessas dores, e o papel do sono nesse processo.

Segundo Tatiana Sato, professora do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e uma das autoras do estudo, foi identificado que o estresse e o burnout aumentam significativamente a probabilidade de relatos de dores no corpo. A pesquisa utilizou uma anรกlise de mediaรงรฃo para confirmar que trabalhadores sob estresse ou em burnout tendem a dormir pior, o que, por sua vez, contribui para o surgimento das dores.

Realizado durante a pandemia de COVID-19, o estudo faz parte do projeto “Heroes โ€“ Health conditions of healthcare workers”, financiado pela FAPESP, e contou com a colaboraรงรฃo do Departamento de Enfermagem da UFSCar. As pesquisadoras partiram do pressuposto de que as condiรงรตes adversas de trabalho, como a percepรงรฃo negativa da organizaรงรฃo e demandas excessivas, poderiam aumentar o risco de dores musculoesquelรฉticas, agravadas pela pandemia.

A metodologia do estudo envolveu a coleta de dados por meio de questionรกrios eletrรดnicos, enviados trimestralmente durante um ano. Entre os instrumentos utilizados, destacam-se o Questionรกrio Psicossocial de Copenhague (COPSOQ II-Br) para medir o estresse, o รndice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-Br) para avaliar o sono, e o Questionรกrio Nรณrdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) para identificar dores musculoesquelรฉticas.

Os resultados mostraram que 74% dos participantes apresentavam mรก qualidade do sono, um fator crรญtico, pois o sono inadequado aumenta a sensibilidade ร  dor e pode comprometer a saรบde geral. Alรฉm disso, a anรกlise apontou que o sono de baixa qualidade mediou significativamente a relaรงรฃo entre estresse, burnout e dores multirregionais.

Vivian Aline Mininel, professora do Departamento de Enfermagem da UFSCar e coautora do estudo, destacou a importรขncia de adotar estratรฉgias que melhorem a organizaรงรฃo do trabalho, ajustando demandas fรญsicas e emocionais ao tempo disponรญvel e ao perfil dos trabalhadores. Essas medidas poderiam mitigar o estresse, melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, reduzir a incidรชncia de dores musculoesquelรฉticas.

As pesquisadoras esperam que futuras pesquisas possam ampliar a amostra para reforรงar os achados e oferecer ainda mais subsรญdios para melhorar as condiรงรตes de trabalho e a saรบde dos profissionais da รกrea. O artigo completo estรก disponรญvel para leitura online.