Pará inaugura o maior e mais diverso parque de bioeconomia do Brasil: inovação com raízes na floresta

Um marco sustentável à beira da COP30

A partir de outubro, Belém, capital do Pará, será o epicentro de uma transformação histórica na Amazônia: a inauguração do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, considerado o mais diverso e avançado complexo de bioeconomia florestal do Brasil. Com 70% das obras já concluídas nos Armazéns 5 e 6 do Porto Futuro 2, o projeto nasce como um dos principais legados estruturantes da COP30, evento internacional sobre mudanças climáticas que será realizado na cidade.

Além de impulsionar o desenvolvimento científico, tecnológico e sustentável da região, o parque promete revitalizar a área portuária histórica de Belém, valorizando o patrimônio urbano enquanto projeta a Amazônia no cenário global da bioeconomia.

Ciência, floresta e tecnologia de mãos dadas

O parque vai reunir uma infraestrutura de ponta para mais de 200 iniciativas, incluindo startups, negócios comunitários e indústrias baseadas na biodiversidade amazônica. O foco será o desenvolvimento de produtos derivados da floresta, como óleos vegetais, extratos naturais, alimentos, cosméticos e até fármacos, incorporando ainda tecnologias como inteligência artificial e big data para análise de ativos florestais.

De acordo com o governador Helder Barbalho, o projeto representa mais que inovação — é uma ponte entre saberes tradicionais e alta tecnologia:

“Estamos nos consolidando como referência global na bioeconomia, valorizando nossa sociobiodiversidade e criando oportunidades para empreendedores, pesquisadores e comunidades. Estamos aliando inovação e inclusão produtiva”.

Estrutura multifuncional para pesquisa, negócios e produção

O parque será dividido em dois grandes setores, cada um com funções específicas que se complementam:

Armazém 5 – Centro de Negócios e Sociobioeconomia

Será o núcleo de fomento ao empreendedorismo com coworkings, incubadoras, aceleradoras, fundos de investimento e serviços especializados. Também abrigará o Centro de Sociobioeconomia, espaço estratégico para impulsionar negócios comunitários de base florestal que integrem sustentabilidade, inclusão e preservação.
O armazém terá ainda showroom de produtos, auditório e estruturas modulares para eventos e exposições.

Armazém 6 – Laboratório-Fábrica de Transformação

Este espaço será voltado ao desenvolvimento de produtos e tecnologias com laboratórios voltados à cosmética, alimentos e química fina, além de linhas-piloto de produção. Equipamentos avançados permitirão desde processos simples como a despolpa de frutas até técnicas sofisticadas como extrações com CO2 supercrítico, amplamente usadas na produção de medicamentos e cosméticos.

Governança participativa e modelo financeiro híbrido

A operação do parque será gerida por uma Organização Social (OS) sob coordenação da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, com comitês de acompanhamento garantindo transparência e engajamento da sociedade civil, academia e comunidades.

Para garantir a sustentabilidade financeira, o parque funcionará com modelo híbrido de receitas, que inclui:

  • Aluguel de espaços e salas compartilhadas

  • Patrocínios e parcerias institucionais

  • Serviços de pesquisa e desenvolvimento

  • Produção de escala piloto no laboratório-fábrica

  • Eventos temáticos e captação de projetos

Sinergias para um futuro mais verde e justo

Mais do que um centro de inovação, o Parque de Bioeconomia da Amazônia será um espaço de aprendizado coletivo, troca de saberes e fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis. A expectativa é conectar universidades, centros de pesquisa, startups, indústrias locais e comunidades tradicionais em torno de uma agenda de conservação, geração de renda e bem-estar social.

Segundo Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia do Pará:

“Queremos posicionar o Pará como protagonista da bioeconomia no mundo, promovendo um modelo de desenvolvimento que respeita a floresta e melhora a qualidade de vida da população.”

O Parque será, assim, um verdadeiro laboratório vivo da Amazônia, onde o futuro será construído a partir do diálogo entre tradição, ciência e inovação.