Enquanto o mundo converge para a COP30 em Belém, uma ação de impacto social ganha destaque nas margens desse grande palco climático. A Vibra Energia, empresa que assume protagonismo na transição energética do Brasil, traz à Casa Brasil Belém 2025 uma instalação que rompe com a familiaridade dos shopping centers ou quiosques: a “Loja de Inconveniência”. Mas, ao invés de pastilhas ou refrigerantes, o que se encontra são dados cruéis, exposições visuais e um convite direto à denúncia de um crime que segue passando despercebido — a violência sexual contra crianças e adolescentes.
Essa iniciativa não surge em vácuo: os números são estarrecedores. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), oito crianças ou adolescentes no Brasil são vítimas de exploração sexual a cada hora — e apenas 8,5 % desses casos chegam a ser formalmente denunciados. Por outro lado, o Polícia Rodoviária Federal identificou mais de 17 mil pontos vulneráveis ao longo de rodovias federais, de acordo com o levantamento Mapear 2023/2024. A vibração da “loja” reside em tornar visível o invisível, trazer o silencioso para o centro do olhar e da ação.
O local escolhido — Casa Brasil Belém 2025, Praça Waldemar Henrique, próxima às Docas de Belém — reforça o alcance da iniciativa. Durante o evento que se estende até 21/11, qualquer visitante (entrada gratuita) tem a chance de entrar nessa experiência impactante, entre 12h e 21h. O formato é híbrido: provocativo, visual, informativo, e com um claro chamado à ação — “denuncie pelo Disque 100”. Naquilo que era rotina — uma “loja” — surge um ponto de inflexão: a rotina transformada em choque, a conveniência abandonada em favor da consciência.
A Vibra posiciona essa ação dentro de seu compromisso multienergia: embora maior plataforma de distribuição de combustíveis e lubrificantes do país, a empresa investiu mais de R$ 7 bilhões em projetos de transição energética, combinando alcance nacional com intensidade local. Ao abraçar o tema da violência sexual contra menores como causa prioritária em seu ESG, a companhia expande o significado de “energia”: além da eletricidade ou do biometano, há a energia de mobilização pública, de denúncia, de proteção.

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É relevante também notar que a iniciativa ultrapassa a simples exibição artística ou interativa. A “Loja de Inconveniência” já circulou em eventos como o Web Summit, o Festival Rede Mulheres Empreendedoras e o LASE (Líderes Ambientais no Setor de Energia) — somando mais de dez mil pessoas impactadas até aqui. Em Belém, ela se insere num contexto ainda mais amplo: a COP30 coloca a Amazônia e seus desafios no centro. Então fazer desse cenário uma vitrine de ação social faz todo sentido.
Há um diálogo implícito entre as temáticas: se a Amazônia, os oceanos, os biomas carregam sobre si a urgência climática, os menores portam a urgência humana — e ambas urgências são interligadas. A vulnerabilidade infantil não está desconectada das mudanças de infraestrutura, de mobilidade, de economia — está embutida nos sistemas que modelam a sociedade. Levar esse tema à COP30, num espaço de visibilidade global, é reafirmar que sustentabilidade não é só redução de carbono ou restauração de manguezais: é também segurança, infância e dignidade.
Para os participantes da conferência e para a população local, a instalação representa uma oportunidade de reflexão e de movimento. O fato de a “Loja de Inconveniência” chamar à denúncia rompe o padrão da “participação passiva”. Entrar, ver, sair e esquecer? Não aqui. Sair com uma convocação, com um passo concreto — isso é o objetivo.
Nos corredores da COP30, entre painéis sobre economia de baixo carbono e restauração de ecossistemas, a instalação da Vibra lembra que o mundo que se quer habitar depende de escolhas que começam em casa, na rua, em escolas, em ligações da infância. Uma visão mais ampla de legado surge: o evento passa, mas a ação persiste.
Quando a instalação encerrar no dia 21/11, a pergunta que fica é: quantas pessoas deixaram de ser meros visitantes e transformaram-se em agentes? Quantas voltaram para suas cidades, comunidades, empresas com a certeza de que denunciar um crime não é gesto isolado, mas parte da estrutura de mudança? E quantas vezes esse tipo de mobilização será repetido para além da COP – porque o menor que sofre explora-se quando o mundo olha para outro lado?
Em Belém, durante a COP30, não é apenas a Amazônia que está à prova: é a capacidade de enxergar os menores como parte da equação da sustentabilidade. A “Loja de Inconveniência” é uma forma de afirmar: mudar o mundo exige parar, escutar, agir — e denunciar.


























