O alecrim é aquele tipo de planta que parece ter saído direto do quintal da avó: resistente, perfumado e cheio de utilidades. Mas mesmo ele, acostumado a climas secos e solos pobres, pode sofrer com um erro muito comum na jardinagem doméstica: o uso excessivo de borra de café como adubo. A ideia de aproveitar restos de cozinha é tentadora, mas será que o alecrim gosta mesmo dessa “cafeteira” no solo? Entenda como usar esse ingrediente de forma inteligente, sem comprometer a saúde da planta.
Adubação com borra de café no alecrim
A borra de café tem nutrientes que beneficiam diversas plantas — potássio, nitrogênio e fósforo estão entre eles. Porém, o alecrim é originário da região mediterrânea e prefere solos alcalinos, com pH entre 6,5 e 7,5. Já a borra de café tende a acidificar o solo, o que pode dificultar a absorção de nutrientes, enfraquecer o crescimento e até deixar as folhas amareladas.
A dica aqui é simples: moderação e equilíbrio. A borra pode ser usada, sim, mas nunca de forma direta ou frequente. Ela deve ser tratada antes ou misturada com outros compostos que neutralizem sua acidez.
Como evitar a acidez: a técnica do composto equilibrado
Um jeito eficaz de aproveitar a borra sem prejudicar o alecrim é misturá-la com cascas de ovos trituradas. Elas são ricas em cálcio e ajudam a alcalinizar o solo. A proporção ideal é de 2 partes de borra para 1 parte de casca de ovo moída. Espalhe essa mistura ao redor da base da planta, sem encostar diretamente no caule.
Outra opção é incorporar a borra ao composto orgânico da composteira doméstica. Lá, ela se equilibra com outros resíduos — como folhas secas e restos de legumes — antes de ser aplicada ao solo. Assim, o pH fica mais neutro e seguro para o alecrim.
Frequência certa para adubar com segurança
Mesmo com o equilíbrio do pH, o alecrim não precisa de adubações constantes. Uma vez a cada 40 a 60 dias é o suficiente. O excesso de nutrientes, especialmente nitrogênio, pode tornar a planta mais frágil, suscetível a pragas e com aroma menos intenso.
Observe a planta: se o crescimento estiver lento, as folhas estiverem desbotadas ou os galhos muito lenhosos, pode ser sinal de deficiência. Aí sim, vale reforçar a adubação, sempre de forma equilibrada.
Outras formas de fortalecer seu alecrim
Além da borra de café, o alecrim responde bem a outros cuidados. Uma colher de chá de cinza de madeira pura (sem tinta ou verniz) pode ser misturada ao solo uma vez por trimestre. Ela ajuda a manter o pH alcalino e ainda fornece potássio.
Regas também devem ser bem dosadas. O alecrim prefere secar entre uma rega e outra. Excesso de água é mais prejudicial do que a falta, e pode criar um ambiente propício para fungos.
Solo e local certos: meio caminho para um alecrim saudável
De nada adianta adubar com técnica se o solo estiver errado desde o início. O alecrim pede um substrato leve, com boa drenagem. Misture areia grossa, terra vegetal e um pouco de húmus de minhoca para criar a base ideal.
Já o local deve ser o mais ensolarado possível. Sem pelo menos 5 horas de sol direto por dia, o alecrim enfraquece, perde o aroma característico e fica vulnerável a pragas como cochonilhas e pulgões.
O vaso também merece atenção: evite recipientes muito pequenos. Eles impedem o bom desenvolvimento das raízes e limitam a absorção de nutrientes, mesmo com uma adubação correta.
Adubar seu alecrim com borra de café não é um erro — desde que feito com estratégia. Ao entender como o solo reage a cada elemento, você transforma sua rotina de jardinagem em algo mais inteligente e respeitoso com a natureza da planta. E assim, colhe folhas mais aromáticas, resistentes e cheias de vida.
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