Uma manhã dedicada ao território amazônico

A Ilha do Combu, às margens de Belém, recebeu uma visita especial que uniu gastronomia, conservação ambiental e modos de vida amazônicos. A iniciativa foi promovida pela Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur) e marcou a programação dedicada aos representantes da Braztoa, da Embratur, do Sebrae e aos finalistas do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade. Em uma manhã voltada à vivência e à troca, o grupo percorreu espaços que sintetizam a força produtiva, cultural e comunitária da ilha.

Foto: Divulgação - Ag. Pará

A proposta central foi oferecer aos visitantes uma experiência integral, capaz de aproximá-los do cotidiano das famílias que transformam recursos da floresta em produtos de identidade amazônica, ao mesmo tempo em que mantêm práticas sustentáveis que inspiram o turismo nacional.

Foto: Divulgação - Ag. Pará
Foto: Divulgação – Ag. Pará

A rota do cacau e o protagonismo comunitário

A primeira parada foi na fábrica de chocolate Filha do Combu, comandada pela empreendedora conhecida como dona Nena, figura emblemática na defesa da produção sustentável de cacau na ilha. Ali, os visitantes tiveram acesso à história do cultivo local, a técnicas de manejo agroflorestal e ao papel do cacau como elo entre geração de renda, preservação ambiental e fortalecimento cultural.

Dona Nena compartilhou a filosofia que orienta seu trabalho, mostrando como a manutenção da floresta em pé é parte indissociável da cadeia produtiva. Segundo ela, a fábrica já produz cerca de 80 itens, entre chocolates artesanais, doces e licores feitos a partir de frutos amazônicos como araçá, jenipapo e cupuaçu. A valorização da produção comunitária também é um pilar central: insumos adquiridos de moradores da ilha são incorporados ao catálogo da marca, garantindo inclusão econômica e circulação local de renda.

A empreendedora reforça que o trabalho vai além do produto final: trata-se da defesa de um território e de um modo de vida. Na fábrica, cada etapa da produção busca honrar o equilíbrio entre qualidade, responsabilidade ambiental e respeito às práticas tradicionais.

Foto: Divulgação - Ag. Pará
Foto: Divulgação – Ag. Pará

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Sabores do Combu e a força da gastronomia amazônica

Após a imersão na história do cacau, o grupo seguiu para o restaurante Porto Combu, onde o chefe Arturo Baéz apresentou um percurso gastronômico que combina ingredientes nativos, técnicas tradicionais e uma visão contemporânea da culinária amazônica. Ele destacou a importância de integrar sustentabilidade, cultura alimentar e experiência turística, reforçando o papel da gastronomia como linguagem que narra o território.

Para o chefe, iniciativas como essa consolidam a visibilidade da culinária amazônica no Brasil e no exterior, especialmente após a maior exposição proporcionada pela COP30. Ele ressalta que servir com responsabilidade é essencial para que city titles, como o de Cidade Criativa da Gastronomia da Unesco, possam reconhecer o valor do Pará e de Belém.

A vivência foi complementada por reflexões sobre a necessidade de fortalecer cadeias produtivas que envolvem agricultores familiares, extrativistas e empreendedores criativos, ampliando a coerência entre turismo sustentável e práticas culturais enraizadas.

Foto: Divulgação - Ag. Pará
Foto: Divulgação – Ag. Pará

Trocas entre iniciativas finalistas do prêmio

Entre os finalistas presentes estava o Projeto Ibiti, de Ibitipoca, em Minas Gerais — uma iniciativa desenvolvida em um território regenerativo com mais de seis mil hectares voltado à restauração ecológica e à proteção de espécies ameaçadas da Mata Atlântica. Representando o projeto, Raquel Pazos destacou a importância da troca entre iniciativas que atuam em diferentes biomas, observando como os princípios da regeneração podem se fortalecer a partir do diálogo com comunidades amazônicas.

Para ela, estar em Belém vivenciando práticas comunitárias alinhadas à conservação reforça o sentido de pertencimento a uma rede nacional de soluções sustentáveis. Essa interação, afirmou, amplia a inspiração mútua entre projetos que trabalham pela proteção de territórios e pela inclusão social.

Foto: Divulgação - Ag. Pará
Foto: Divulgação – Ag. Pará

O valor da experiência amazônica autêntica

A avaliação da atividade também foi destacada por Allyson Neri, gerente da Diretoria de Produtos Turísticos da Setur. Ele enfatizou que a vivência apresentou aos finalistas uma síntese potente do que o Pará oferece ao visitante: floresta preservada, protagonismo comunitário, gastronomia de identidade e empreendedores comprometidos com sustentabilidade. Segundo ele, a integração entre iniciativas como a de dona Nena e estruturas receptivas como o Porto Combu exemplifica o potencial do turismo amazônico contemporâneo.

Um prêmio que se conecta ao território

A cerimônia de divulgação dos vencedores do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade ocorre na noite desta segunda-feira, no teatro Estação Gasômetro. Em sua 13ª edição, o prêmio chega pela primeira vez ao Norte do país, refletindo o destaque crescente da Amazônia no cenário do turismo sustentável. Com iniciativas inscritas de 13 estados brasileiros, o Pará se sobressai com seis finalistas, consolidando sua posição como referência nacional em inovação, responsabilidade socioambiental e valorização de territórios tradicionais.