O uso de tecnologias avançadas tem se tornado um grande aliado na conservação da biodiversidade. Pesquisadores utilizam diversas ferramentas tecnológicas para coletar dados preciosos sobre as espécies e os ecossistemas em que vivem, tanto em campo quanto remotamente. A seguir, destacamos algumas dessas tecnologias inovadoras:
Câmera Termal
Pesquisadores têm recorrido à câmera termal para estudar os padrões dos ocos naturais usados pelo mico-leão-preto em florestas. Com essa tecnologia, é possível identificar a profundidade em que os micos se abrigam dentro das árvores. Essa informação, combinada com dados sobre a altura, diâmetro das árvores e temperatura interna dos ocos, auxilia na criação de ocos artificiais que imitam as condições naturais, aumentando a chance de uso pelos micos. Gabriela Rezende, coordenadora do programa de conservação, explica que “quanto mais parecido com o oco natural, maior a chance do mico-leão-preto utilizá-lo”.
Gravador Autônomo de Áudio
No Pontal do Paranapanema, gravadores autônomos de áudio têm sido usados para identificar espécies de aves em áreas de restauração. Em 2023, esses dispositivos registraram mais de 136 espécies, incluindo a arara-vermelha, criticamente ameaçada de extinção em São Paulo. Carolina Biscola, pesquisadora do Projeto Corredores de Vida, destaca que “os gravadores também ajudam na detecção do mico-leão-preto em fragmentos florestais, facilitando o monitoramento de populações e estudos sobre vocalização”.
Simone Tenório, outra pesquisadora envolvida, aponta os benefícios de longo prazo dos gravadores: “Eles são simples, confiáveis e acessíveis, permitindo o monitoramento de espécies e a criação de um banco de dados acústico valioso para pesquisas futuras”.
Armadilha Fotográfica (Camera Trap)
As armadilhas fotográficas, ou camera traps, são cruciais no estudo de mamíferos terrestres em áreas florestais. No Pontal do Paranapanema, essas câmeras registraram o retorno de mais de 20 espécies de mamíferos em florestas restauradas, incluindo a onça-parda e o lobo-guará, ambos considerados vulneráveis. Além disso, essas câmeras capturam imagens de espécies arborícolas e documentam comportamentos raros, como a predação de um roedor por um gavião-de-penacho, algo difícil de observar em campo.
Colar de Telemetria Satelital
A INCAB utiliza colares de telemetria satelital para monitorar antas, fornecendo dados sobre seus deslocamentos diários, que variam de 3 a 9 km. Essa tecnologia permite aos pesquisadores entender melhor as necessidades de habitat da espécie e avaliar seu estado de conservação. O colar envia a localização da anta a cada hora para um satélite, e essas informações são acessíveis online.
GPS e Acelerômetro
Pesquisadores têm equipado micos-leões-pretos com mochilas que contêm um GPS e um acelerômetro. Esses dispositivos registram os caminhos percorridos pelos micos e a energia gasta em diferentes tipos de terrenos. Gabriela Rezende, em sua pesquisa de doutorado, destaca que “essa informação é essencial para guiar projetos de restauração, identificando as características florestais que precisam ser restauradas para beneficiar a espécie”.
Sequenciamento de DNA
O IPÊ utiliza o metabarcoding, uma técnica de sequenciamento de DNA, para estudar a biodiversidade do solo. Essa abordagem permite uma análise rápida das mudanças ecológicas, essencial em projetos de manejo integrado do fogo e na restauração florestal. As amostras de solo são coletadas e o DNA é extraído usando equipamentos simples, como tubos de plástico e esferas de aço. O DNA extraído é então sequenciado, permitindo a identificação das espécies presentes.
Essas tecnologias não apenas ampliam o conhecimento científico, mas também desempenham um papel crucial na proteção e preservação da biodiversidade em diversas regiões do Brasil.