O Pará mais uma vez se destaca no cenário nacional do turismo sustentável. Seis iniciativas paraenses estão entre as 30 finalistas do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025, um dos reconhecimentos mais relevantes do setor no Brasil. A cerimônia de premiação está marcada para 8 de dezembro, em Belém, e reunirá projetos que representam diferentes regiões e práticas inovadoras.
O protagonismo paraense se evidencia não apenas pelo número de finalistas – o estado ocupa o segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo –, mas pela diversidade de propostas que valorizam a Amazônia como território de experiências transformadoras. Os projetos concorrem em duas categorias: comunidades locais e experiência/produto, reunindo desde roteiros comunitários até cicloturismo e turismo de natureza.
A força das iniciativas paraenses
Entre os finalistas está o projeto Turiarte – Tecendo Rendas e Conectando Saberes na Amazônia, que combina turismo de base comunitária e artesanato, aproximando visitantes das tradições locais. A Fazenda São Jerônimo participa com o Circuito da Amazônia Marajoara, enquanto o Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém levou aos jurados o Roteiros Caminhos da Pripioca, um mergulho na cultura e no protagonismo feminino das comunidades insulares.
O Roteiro Alter Tapajós, promovido pela Muriki Cicloturismo, já consolidado há cinco anos, propõe uma imersão que vai além da viagem convencional. Passeios de bicicleta, caminhadas por trilhas, encontros gastronômicos com chefs, música e dança compõem a experiência que integra Alter do Chão e Belterra. “É um convite para viver a Amazônia de forma autêntica e transformadora”, resume o empreendedor Paulo Mil Homens, fundador da iniciativa.
VEJA TAMBÉM: Amazônia sombria na nova série brasileira da Netflix com nome de expressão paraense
Outra finalista é a Rota Turística Tartarugas da Amazônia, inscrita pela Xingu Adventure. Criado em 2023, o roteiro conecta a conservação dos quelônios da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Vitória de Souzel e do Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal com a participação ativa das comunidades ribeirinhas. Os visitantes acompanham o manejo das tartarugas, participam da soltura dos filhotes e conhecem tradições locais. “Nosso trabalho une turismo, conservação ambiental e protagonismo comunitário”, afirma o empreendedor Wyllyan Farias, lembrando que a empresa já venceu o Prêmio de Negócios de Impacto Socioambiental em 2023.
A sexta finalista é a Rota Amazônia Atlântica, coordenada por Hortência Osaqui. O roteiro, que já havia sido indicado em edições anteriores, conecta Belém a Augusto Corrêa, passando por rios, trilhas e comunidades rurais. “É uma validação do esforço em fortalecer o empreendedorismo rural e dar visibilidade à Amazônia Atlântica”, ressalta Osaqui.
Para o secretário estadual de Turismo, Eduardo Costa, a presença expressiva de iniciativas do Pará no prêmio reflete o amadurecimento do setor no estado. Segundo ele, os projetos demonstram que é possível aliar inovação, sustentabilidade e geração de renda comunitária. “Nosso objetivo é mostrar a diversidade de experiências turísticas do Pará, unindo belezas naturais, cultura e gastronomia. É uma oportunidade de posicionar o estado como referência em sustentabilidade no turismo brasileiro”, afirma.
Turismo como agente de impacto
O Prêmio Braztoa de Sustentabilidade se tornou referência nacional ao reconhecer práticas que unem responsabilidade ambiental, impacto social positivo e valorização cultural. Nesta edição, foi criada a categoria Comunidades Locais, que destaca povos originários, quilombolas, aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas e caiçaras. Essa inovação amplia a representatividade territorial e cultural da premiação.
A premiação também dialoga diretamente com a Agenda 2030 da ONU, abrangendo todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Entre eles, sobressaem o ODS 8, que trata de trabalho decente e crescimento econômico, o ODS 11, voltado a cidades e comunidades sustentáveis, e o ODS 13, que aborda a ação contra as mudanças climáticas.
Para Marina Figueiredo, presidente-executiva da Braztoa, a iniciativa vai além da celebração de casos de sucesso. “Mais do que premiar, buscamos inspirar soluções que valorizem os destinos, transformem vidas e deixem um legado positivo”, destaca.
Com 109 projetos inscritos e apenas 30 finalistas, o prêmio mostra a vitalidade e a diversidade do turismo sustentável no país. O Pará, com suas seis iniciativas, reafirma seu papel como polo de inovação e inspiração para outros destinos amazônicos. Ao alinhar turismo, conservação e protagonismo comunitário, o estado mostra que a Amazônia pode ser vivida de forma responsável, gerando impacto econômico e preservando sua essência cultural e ambiental.
