Pará e Guiana Francesa tratam sobre cooperação científica para a Amazônia

O Estado do Pará, por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), participou nesta quarta-feira (30) de uma reunião com representantes do Conselho Econômico, Social, Ambiental, Cultural e Educacional da Guiana Francesa (CESECE) com o objetivo de fortalecer as ações conjuntas no âmbito do Programa Interreg de Cooperação Amazônica (PCIA).

Parcerias voltadas para a área de ciência, tecnologia e inovação estiveram entre as pautas tratadas na reunião, com destaque para o papel da Fapespa como articuladora entre a Guiana Francesa e instituições paraenses.

O encontro contou com a presença de membros do CESECE, conselho composto por 60 integrantes da sociedade civil e do setor empresarial, e discutiu iniciativas que visam beneficiar tanto a Guiana Francesa quanto o Estado do Pará, a partir de projetos regionais integrados no platô das Guianas.

Durante a reunião, o professor Marcel Botelho, diretor-presidente da Fapespa, destacou os avanços na cooperação regional, mas também apontou os desafios burocráticos e a lentidão que ainda marcam o processo de integração entre os territórios amazônicos. Ele ressaltou, no entanto, a importância de iniciativas como a mobilidade estudantil, os interesses econômicos ligados à logística portuária e a valorização de produtos amazônicos, como o açaí, babaçu e castanha.

“O desafio é transformar o potencial da cooperação em resultados concretos. Superar entraves burocráticos é fundamental para que os projetos avancem com mais agilidade”, afirmou Botelho.

Biodiversidade

Estudos apontam que a Amazônia possui enorme potencial para a geração de inovação, produção, beneficiamento, comercialização e consumo de produtos oriundos da biodiversidade, fazendo da bioeconomia uma nova matriz econômica para o desenvolvimento sob as bases da sustentabilidade. E a colaboração transnacional e transfronteiriça é vista como essencial para consolidar soluções conjuntas e deixar um legado duradouro para a Amazônia.

A reunião também evidenciou a sinergia entre os estudos apresentados pelo CESECE e as produções técnicas da Fapespa, reforçando a convergência de objetivos e estratégias entre as duas instituições.

Na oportunidade, Janie Cesto, Presidente da Comissão de Cooperação, Imigração e União Europeia avaliou o encontro: “Estamos muito felizes de ter este primeiro contato com o estado do Pará, com o presidente e com os técnicos da Fapespa e de ver como nós vamos organizar e imaginar a parceria que estabeleceremos entre nós dois. Foi uma reunião muito proveitosa, pois percebemos que temos os mesmos desafios e objetivos. E a mesma vontade, acima de tudo. Saímos da reunião com tratativas encaminhadas”, avaliou.

Intercâmbio amazônico

Desde agosto de 2024, o Pará passou a integrar oficialmente o Programa Interreg de Cooperação Amazônica (PCIA), gerido pela Coletividade Territorial da Guiana Francesa (CTG) e que conta com o aporte financeiro da União Europeia. O programa tem como foco o desenvolvimento sustentável e a integração dos países e estados da região do platô das Guianas. Na ocasião da adesão, o termo foi assinado em Caiena pelo presidente da CTG, Gabriel Serville, com a presença do diretor-presidente da Fapespa, que representa o Estado do Pará no PCIA.

A reunião de hoje reforça o compromisso do Pará em consolidar laços estratégicos com parceiros internacionais, promovendo ciência, inovação e desenvolvimento econômico de forma colaborativa e regionalizada.

Iniciativa Amazônia +10

Durante a reunião também foram tratadas outras possíveis formas de viabilização das parcerias, entre elas a Iniciativa Amazônia +10 foi apontada como uma via estratégica para cooperação em pesquisa e desenvolvimento, especialmente por meio da Universidade da Guiana.

A Amazônia +10 foi concebida para apoiar a pesquisa e a inovação tecnológica na Amazônia Legal, promovendo a interação natureza-sociedade e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região, em julho de 2022. Trata-se de um projeto do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), do Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência Tecnologia e Inovação (Consecti) e que tem a parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A iniciativa aspira promover ações convergentes de CT&I que fortaleçam diretrizes, eixos e proposituras do Planejamento Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia visando superar obstáculos para o reflorestamento de áreas degradadas, o desenvolvimento de atividades agrícolas de baixa emissão de gases de efeito estufa, a agregação de valor nas cadeias produtivas da bioeconomia, a geração de alimentos, a produção de fármacos, a geração de energia limpa, a garantia de acesso a serviços básicos para as populações que habitam na região, entre outros.

E a principal condutora da Iniciativa Amazônia +10 no Pará é a Fapespa, que já administra cinco dos 36 projetos contemplados na primeira chamada, e mais 13 dos 22 projetos da segunda chamada. São projetos presididas e orientadas em três grandes eixos temáticos: Território, Povos da Amazônia e Fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis.