Pará cria Unidade de Conservação para proteger árvores gigantes da Amazônia


O distrito de Monte Dourado, localizado no município de Almeirim, no oeste do Pará, sediou nesta quarta-feira, 12 de setembro, uma Consulta Pública organizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio). O encontro teve como objetivo ouvir a população sobre a proposta de criação de uma nova Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral na Floresta Estadual (Flota) do Paru, voltada para preservar as imponentes árvores de angelim vermelho (Dinizia excelsa Ducke), as maiores da Amazônia.

O evento, que reuniu mais de 200 pessoas, contou com o apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e do Andes Amazon Fund, e teve a participação de representantes da sociedade civil, além de instituições públicas e privadas. O diálogo destacou a importância da preservação dessas gigantes árvores e o desenvolvimento sustentável da região. A expressiva presença do público evidenciou o apoio coletivo à conservação ambiental na Amazônia.

O principal foco da criação dessa UC é a proteção dos angelins vermelhos, árvores que podem ultrapassar 70 metros de altura, sendo a maior delas um exemplar de 88,5 metros, o que a torna a árvore mais alta da América Latina e uma das maiores do mundo. Essas árvores extraordinárias estão localizadas na Flota do Paru, em Almeirim, e são fundamentais para o equilíbrio ecológico da região.

Nilson Pinto, presidente do Ideflor-Bio, enfatizou a orientação do governador Helder Barbalho de cuidar da natureza com o compromisso de proteger as populações locais. “Nossa natureza é um patrimônio valioso, e nosso trabalho, realizado com uma equipe qualificada, visa garantir essa proteção”, afirmou.

A consulta pública, realizada de acordo com o Decreto Federal nº 4.320/2002, que regulamenta o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), é um passo essencial para garantir a participação da comunidade no processo de criação da nova UC. A iniciativa busca incluir a opinião de diversos setores, como ambientalistas, acadêmicos, empresários e a população local, assegurando a transparência e o debate democrático.

O deputado estadual Carlos Vinícius Vieira, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, destacou que a UC permitirá a preservação de uma parte intacta da floresta, promovendo estudos futuros, ecoturismo e oportunidades para instituições de pesquisa. Ele ressaltou o orgulho de abrigar as maiores árvores da América Latina e a importância da preservação para as gerações futuras.

José Jussian, secretário municipal de Agricultura de Laranjal do Jari (AP), destacou que a região é uma das mais preservadas da Amazônia, vizinha ao Amapá, o estado mais conservado do Brasil. Ele reforçou que a criação da UC fortalecerá a conservação da rica biodiversidade local e trará benefícios não apenas ambientais, mas também econômicos em nível nacional e global.

O Ideflor-Bio será responsável pela gestão da nova UC, por meio da Diretoria de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação (DGMUC), com o apoio de um Conselho Gestor que contará com representantes da sociedade civil, órgãos públicos e instituições de pesquisa. A área proposta para a UC possui 563.546 hectares e um perímetro de mais de 520 mil metros, localizada em uma região de fronteira com reservas biológicas importantes.

A categoria de manejo sugerida é a de Parque Estadual Ambiental, com o nome proposto de “Árvores Gigantes da Amazônia”. Esse status garante a proteção integral do ecossistema, impedindo atividades que possam ameaçar a integridade das árvores e da biodiversidade local.

A criação da UC beneficiará a população de Almeirim, especialmente no distrito de Monte Dourado, além de fomentar o ecoturismo e atrair pesquisadores e turistas do mundo todo. A iniciativa também promete contribuir para o desenvolvimento sustentável da região, combinando preservação ambiental e geração de oportunidades econômicas.

Durante a elaboração do Plano de Manejo da nova UC, Nilson Pinto afirmou que haverá mais consultas públicas para definir as atividades permitidas, garantindo o uso sustentável da área e gerando emprego e renda para as comunidades locais. “Todos saem ganhando: a natureza, a população, os ambientalistas e a economia. É o verdadeiro desenvolvimento sustentável”, concluiu Pinto, celebrando o apoio da população à criação do parque.