A Prefeitura de Belém realizou no distrito de Mosqueiro a pré-conferência de Cultura em ação preparativa aos eventos municipal, agendado para o dia 30 de outubro, no auditório Ismael Nery (Centur); estadual, com data indefinida; e nacional, marcada para março de 2024. O evento foi organizado pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel) e Agência Distrital.
Os participantes de Mosqueiro destacaram o modelo inclusivo dos debates, envolvendo seis eixos temáticos com informações sobre legislação, participação social, identidade de patrimônio, diversidade cultural, transversalidade de gênero, economia criativa e direito às artes e linguagens digitas.
“Estamos no momento de reconstrução do Ministério da Cultura, que após dez anos volta a realizar a grande conferência com a expectativa de apresentar o novo perfil da cultura brasileira e nós estaremos deixando a invisibilidade para trás”, destacou Iacilda Freitas, assessora e representante da presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), Inês Silveira, no evento realizado, no auditório da Agência Distrital de Mosqueiro, no último sábado, 21.
Para a conselheira Lu Vila, da sociedade civil, a pré-conferência é uma forma colaborativa à construção da nova política cultural, que agrega o tradicional ao contemporâneo com uso de tecnologia. Segundo a conselheira, há muito a ser construído nesse contexto, pois, na maioria das comunidades fazedoras de cultura de zonas mais afastadas, como Mosqueiro e suas regiões rural e ribeirinha, a tecnologia ainda é escassa.
“Temos que encontrar uma forma de juntar essas pontas para dar visibilidade, voz e vez para quem necessita”, comentou. “Estamos muito felizes em poder colaborar com esse momento e felizes por estarmos participando de forma direta nesse debate”, completou a conselheira.
Popular – O distrito de Mosqueiro é visto como em grande potencial da cultura popular com destaque para os segmentos do carnaval, folclore, literatura, gastronomia, música, dança entre muitos outros que estão se consolidando na ilha, mas que precisam de investimentos e estudos de resgate do patrimônio cultural.
Segundo Tatiane de Oliveira, da Associação Cultural da Baia do Sol, o novo modelo cultural precisará resgatar o que já foi perdido, por meio de ações voltadas ao público jovem. Ela lembra que sua família sempre atuou na produção de grupos folclóricos como boi-bumbá, pássaro e quadrilhas, mas que atualmente sente falta de uma participação maior dos jovens.
“Está cada vez mais difícil encontrar participantes, mas somos resistentes e queremos ampliar e retomar esse universo tão rico, eu acredito que por meio dos debates, conferências e políticas públicas chegaremos a esse objetivo”, disse ela.
Os representantes da ONG “O Sol brilha na Baía do Sol” também estiverem na pré-conferência de cultura como forma de apoio. O grupo atua com ações de reforço escolar para 20 crianças na comunidade Fazendinha. “As crianças e jovens precisam desse incentivo para preservação cultural”, destacou Rute Nascimento, coordenadora da ONG.
“Hoje é um dia muito feliz pra nós que somos fazedores de cultura, eu esperei muito por esse momento e quero falar da minha felicidade e gratidão”, disse a artesã e brincante de carnaval.
A pedagoga e escritora Cassandra Brito participou do evento usando a fantasia da boneca Emília, personagem da obra universal “O Sitio do Pica-pau Amarelo”, do escritor Monteiro Lobato, também como forma de mostrar a riqueza cultural de Mosqueiro.
“Mosqueiro é um território rico de cultural em todas vertentes e estamos muito felizes em poder participar dessa reconstrução da política de valorização das mais diversas formas de cultura”, destacou a escritora que atua na poesia, atividades lúdicas e está trabalhando em novas linguagens literárias, abordando o imaginário popular da ilha e seus contos sobre assombrações e visagens.
Democrático – De acordo com a legislação municipal, o Conselho Municipal de Politica Cultural é um colegiado permanente, de caráter propositivo, deliberativo, fiscalizatório, consultivo e normativo, integrante do SMC, com a finalidade de promover a gestão democrática e autônoma da cultura no município de Belém e propor a formulação de políticas públicas.
Em Mosqueiro, as conselheiras titulares são Vanessa Egla, agente distrital; e Lu Vila, pela sociedade civil. Na abertura do evento, o caráter democrático, em dar oportunidade de escuta dos fazedores e fazedoras de cultura, foi destacado. Segundo Vanessa Egla, o distrito já experimenta novos modelos de gestão cultural voltado ao grande público.
Ela citou a realização dos shows artísticos que incrementaram as ações de verão na ilha. “Vivemos um novo modelo, que é sucesso e franqueado aos artistas de Mosqueiro. Para isso, basta se organizar e, com a Fumbel, estamos prontos a facilitar”, disse a gestora. A pré-conferência de Cultura em Mosqueiro reuniu representantes da música, poesia, literatura, gastronomia, artesãs, manifestação folclórica e ativistas das artes em geral.