Marina Silva destaca ações do governo no combate a incêndios na Amazônia


 

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a situação dos incêndios na Amazônia seria muito mais crítica se o Governo Federal não tivesse ampliado recursos e implementado um planejamento estratégico para combater o fogo. Durante uma audiência na Comissão de Meio Ambiente do Senado, às vésperas do Dia da Amazônia (5 de setembro), Marina detalhou as medidas adotadas e negou que tenha havido cortes orçamentários para essa área, defendendo as ações governamentais para enfrentar a crise ambiental.

Marina ressaltou que, sem a redução do desmatamento promovida pelo governo em 2023 e 2024, o cenário atual seria “incomparavelmente pior”. Segundo ela, a combinação de mudanças climáticas, secas severas — as mais intensas dos últimos 40 anos na Amazônia e 74 anos no Pantanal — e fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, formam uma “química altamente deletéria”. No entanto, as queimadas criminosas são o maior agravante. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que 85% dos incêndios ocorrem em propriedades privadas, enfatizou a ministra.

Respondendo a questionamentos sobre supostos cortes no orçamento de sua pasta, Marina esclareceu que o Ministério do Meio Ambiente foi o único a não sofrer reduções orçamentárias recentemente. Ela destacou o aumento significativo nos recursos destinados ao combate ao fogo: de R$ 60 milhões em 2022, o valor subiu para R$ 89,3 milhões em 2023 e alcançou R$ 111,3 milhões em 2024.

“A diferença entre enfrentar uma situação extrema com preparo e planejamento, como estamos fazendo, e o que seria sem esses esforços é clara”, afirmou a ministra, destacando que as ações do governo buscam mitigar os efeitos dos incêndios em áreas verdes, mesmo diante de condições climáticas desfavoráveis.

A senadora Leila Barros (PSB), presidente da Comissão de Meio Ambiente, reforçou as palavras da ministra, apresentando dados que demonstram a origem criminosa da maioria dos focos de incêndio. Ela lembrou que o crime ambiental movimenta entre 110 bilhões e 280 bilhões de dólares anualmente no cenário internacional.

Agravamento dos Incêndios e Mudanças no Perfil das Queimadas

De acordo com o Inpe, em 2024, o número de focos de incêndio em áreas de vegetação alcançou 139 mil, quase o dobro de 2023, quando foram registrados 69 mil casos, ainda que abaixo dos 95 mil de 2022. Esses números refletem a combinação de eventos climáticos extremos com a ação humana. Marina Silva destacou uma mudança preocupante no perfil das queimadas: 32% dos incêndios em 2024 ocorreram em áreas de floresta, uma alta significativa em comparação aos 18% observados anteriormente. A perda de umidade na floresta está tornando a Amazônia mais vulnerável a incêndios naturais, o que agrava ainda mais a situação.

A ministra também apontou que, em 2024, o fogo destruiu áreas de mata equivalentes à cidade do Rio de Janeiro a cada cinco dias, segundo o MapBiomas. Essa destruição é consequência direta do aquecimento global, mas também do uso criminoso do fogo para desmatamento ilegal.

Redução do Desmatamento como Resultado das Ações do Governo

Apesar dos desafios, Marina Silva sublinhou os avanços na redução do desmatamento. Entre janeiro e dezembro de 2023, o desmatamento na Amazônia caiu 49,8% em relação ao ano anterior. De janeiro a maio de 2024, a queda foi de 40,5%. O Cerrado, no entanto, apresenta um cenário mais complexo devido à legislação que impõe menos reservas legais, mas também começou a mostrar resultados positivos: nos primeiros cinco meses de 2024, o desmatamento caiu 12,9%, contrastando com o aumento de 43,6% observado em 2023.

A ministra reforçou a importância das ações de fiscalização e combate ao desmatamento, que continuam sendo prioridade no governo, buscando preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos essenciais das áreas verdes brasileiras.