Na segunda-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com Jin Liqun, presidente do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB). De acordo com Liqun, o banco não possui limitações de capital e está disposto a disponibilizar uma quantidade significativa de recursos para “estimular o desenvolvimento econômico e social” do Brasil.
Liqun afirmou, após a reunião, que o banco fornecerá financiamento para bons projetos, especialmente aqueles de grande escala. Ele mencionou projetos de infraestrutura de grande porte, particularmente aqueles que conectam o oeste do continente ao Oceano Pacífico, e projetos voltados para a adaptação às mudanças climáticas.
Essas declarações estão alinhadas com a visão do presidente Lula de promover uma maior integração da América do Sul e rotas comerciais alternativas. Na semana passada, durante uma viagem à Guiana, Lula apresentou aos governos vizinhos o plano Rotas da Integração Sul-Americana.
Em uma postagem nas redes sociais, Lula enfatizou a reunião com Jin Liqun. Ele escreveu: “O Brasil é membro deste importante banco que investe em projetos de desenvolvimento não apenas na Ásia. Discutimos sobre o Novo PAC e a possibilidade de aumentar os investimentos e contribuições do AIIB para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do nosso país”.
Liqun informou que o banco já financiou três projetos no Brasil, totalizando US$ 350 milhões, valor que ele considera “muito pouco”. Ele prometeu fazer mais para melhorar a conectividade com a Ásia, que poderia ser um grande parceiro para o Brasil nas próximas décadas. Ele também expressou o desejo de trabalhar com governos estaduais e o setor privado em projetos menores. “Para projetos grandes e impactantes, devemos trabalhar com o governo federal”, acrescentou.
De acordo com o presidente do AIIB, a reunião de hoje não discutiu projetos específicos, mas apresentou as intenções para uma cooperação de longo prazo, também em parceria estreita com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do Brics – bloco de 11 países em desenvolvimento, incluindo Brasil, África do Sul, Argentina, Índia e Emirados Árabes Unidos.
A presidente do banco do Brics, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participaram da reunião.
Jin Liqun disse: “[A reunião foi] uma maravilhosa oportunidade para entender melhor a agenda de desenvolvimento econômico do governo, e prometemos realizar projetos amplamente definidos como infraestrutura, estradas, ferrovias, aeroportos, portos marítimos, energias renováveis, transmissão e tudo o que for importante para o país. Nosso trabalho é ouvir e entender o que vocês querem que este banco faça por vocês”.
Antes da reunião com Liqun, Lula conversou com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, sobre “desenvolvimento com inclusão social e a retomada da redução da pobreza no mundo”.
Lula escreveu nas redes sociais: “Também falamos da necessária reforma do FMI, para termos um Fundo Monetário Internacional mais representativo do mundo atual e capaz de ajudar os países que precisam recorrer ao FMI em melhores condições”.
Kristalina Georgieva respondeu: “Obrigado, presidente Lula, por me receber em Brasília hoje, logo após um início de muito sucesso na Presidência do G20 no Brasil. Admiro sua paixão por um mundo próspero, sustentável e justo”. Até novembro, o Brasil está na presidência do G20 – grupo dos 19 países mais ricos do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.
Lula tem defendido a reforma de instituições de governança e de financiamento global e afirma que a dívida externa de nações mais pobres, algumas “impagáveis”, como as de países africanos, precisa ser equalizada. “Essas instituições vão servir para financiar o desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?”, questionou, em uma declaração recente sugerindo a conversão dos passivos em ativos de desenvolvimento.