Inflação em Julho Foi Menor Para Famílias de Baixa Renda, Aponta Ipea


Em julho, a inflação apresentou uma desaceleração para as famílias de renda baixa e muito baixa, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As taxas de inflação para essas famílias foram de 0,09% e 0,18%, respectivamente, um recuo em relação aos 0,29% registrados em junho.

Por outro lado, as famílias de renda alta enfrentaram uma inflação de 0,80% em julho, um aumento significativo em comparação aos 0,04% observados no mês anterior. Em termos de inflação acumulada nos últimos 12 meses, as famílias de renda muito baixa continuam a registrar a menor taxa (4,05%), enquanto as de renda alta têm a maior (5,09%).

A queda nos preços de “alimentos e bebidas” foi o principal fator que contribuiu para a desaceleração da inflação em todas as faixas de renda, especialmente para as famílias de menor poder aquisitivo. A redução nos preços de itens essenciais, como cereais (-0,77%), tubérculos (-16,3%), frutas (-2,8%), aves e ovos (-0,65%) e leites e derivados (-0,41%), trouxe alívio para essas famílias, que destinam uma parcela significativa de seu orçamento a esses produtos.

Em contrapartida, os reajustes de 1,9% na energia elétrica, influenciados pela bandeira tarifária amarela, e de 1,2% no gás de botijão impactaram o grupo “habitação”, pressionando a inflação principalmente entre as famílias de renda mais baixa.

Para as famílias de renda alta, o grupo “transportes” foi o principal responsável pela inflação em julho, impulsionado por aumentos de 3,3% nos combustíveis, 4,4% no seguro veicular e 19,4% nas passagens aéreas. A elevação nos preços de serviços pessoais (0,55%) e lazer (0,52%) também contribuiu para a maior pressão inflacionária nesse segmento.

Comparando com julho de 2023, a inflação corrente aumentou para todas as faixas de renda, com um impacto mais significativo entre as famílias de renda muito baixa, que registraram uma taxa de 0,09% em julho de 2024, em contraste com uma deflação de 0,28% no mesmo mês do ano anterior.

Apesar da melhora nos preços dos alimentos para consumo doméstico, cuja deflação foi mais acentuada em julho de 2024 (-1,5%) em comparação a julho de 2023 (-0,72%), a inflação corrente foi impulsionada pela piora nos grupos “habitação” e “artigos de residência”, além de uma deflação menos expressiva no grupo “vestuário”. Em 2024, os aumentos nos preços da energia elétrica (1,9%) e do gás de botijão (1,2%) contrastaram com as quedas observadas em 2023, que foram de -3,9% e -1,0%, respectivamente.

No grupo “artigos de residência”, os preços dos produtos eletroeletrônicos, que haviam caído 0,29% em 2023, registraram um aumento de 0,62% em julho de 2024. Já no grupo “vestuário”, a deflação de 0,02% em julho de 2024 foi menor que a de 0,24% registrada no mesmo período de 2023.

Com os dados de julho de 2024 incorporados, a inflação acumulada em 12 meses mostra uma aceleração em todas as classes de renda. No entanto, o segmento de renda baixa continua a apresentar a menor taxa de inflação (4,1%), enquanto a faixa de renda alta mantém a maior taxa (5,1%) no período analisado.