De acordo com reportagens da NBC News, a propagação da gripe aviária pode se intensificar nesta primavera (do hemisfério norte), à medida que aves migratórias seguem rumo ao norte. Essa movimentação coincide com a redução do número de profissionais federais de saúde dedicados ao combate do surto, o que levanta preocupações sobre a capacidade de monitorar e conter efetivamente a doença.
Situação Atual do Surto
O atual surto de influenza aviária, considerado o pior da história dos Estados Unidos, já afetou uma ampla variedade de animais, incluindo aves domésticas, gado e diversas espécies silvestres. Desde abril de 2024, mais de 70 casos humanos foram confirmados no país, principalmente entre trabalhadores expostos a animais infectados. O vírus tem demonstrado capacidade de saltar entre espécies, infectando mamíferos como gatos domésticos, raposas, gambás, focas e golfinhos. Até fevereiro de 2025, a gripe aviária H5N1 já havia sido detectada em 972 rebanhos leiteiros distribuídos por 16 estados, evidenciando a ampla disseminação do vírus.
Impacto dos Cortes Federais
Cortes recentes no Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA reduziram significativamente a capacidade federal de resposta ao surto de gripe aviária. Mais de 140 funcionários da FDA envolvidos com medicina veterinária e segurança alimentar foram dispensados, o que comprometeu o suporte essencial aos profissionais de saúde locais e veterinários.
Esses cortes resultaram na suspensão de iniciativas importantes, como:
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Testes aprimorados para detectar contaminação por gripe aviária em rações e produtos lácteos
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Programas ativos de vigilância e testagem agressiva
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Monitoramento da propagação do vírus entre estados e diferentes espécies animais
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Comunicação transparente sobre a disseminação do vírus entre animais de criação
Especialistas alertam que essas reduções dificultam os esforços para evitar surtos em larga escala, tanto em animais quanto em humanos, aumentando o risco de mutações que podem tornar o vírus mais transmissível. A menor supervisão federal também cria lacunas de financiamento para medidas preventivas, como vacinação e distribuição de antivirais, o que representa um grande obstáculo para o controle eficaz do surto.
Riscos à Saúde Pública
Embora o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) afirme que o risco imediato para o público em geral com relação ao vírus H5N1 permanece baixo, especialistas alertam que a disseminação descontrolada aumenta a probabilidade de mutações que podem facilitar a transmissão entre humanos.
A possibilidade de coinfecção com o vírus da gripe sazonal levanta preocupações sobre rearranjos genéticos, que poderiam dar origem a uma cepa com potencial pandêmico. Nos EUA, as infecções humanas variaram de casos leves de conjuntivite (em contato com leite contaminado) a quadros graves de pneumonia, especialmente entre pessoas em contato próximo com aves infectadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa uma taxa de mortalidade de 49% entre os casos confirmados de H5N1 no mundo, número significativamente superior à taxa de 2 a 3% observada para a COVID-19 nos EUA em 2020.
Medidas de Combate à Gripe Aviária
Apesar dos obstáculos enfrentados no nível federal, diversas agências estão adotando medidas para enfrentar o surto de gripe aviária. O CDC continua sua resposta coordenada utilizando a abordagem One Health, que integra saúde humana, animal e ambiental, com foco em vigilância, diagnóstico e orientação para populações de risco, como trabalhadores rurais.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) lançou uma estratégia de cinco frentes, que inclui melhorias em biossegurança, desenvolvimento de vacinas para o gado e um investimento de US$ 1 bilhão em apoio a agricultores.
Além disso, alguns estados estão adotando posturas proativas. O governador de Utah, Spencer Cox, elogiou o plano do USDA, chamando-o de “uma grande vitória para a agricultura americana”, que ajudará a manter os alimentos acessíveis e seguros.