O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou nesta quinta-feira, 12 de setembro, o programa BNDES Florestas Crédito, com uma verba de R$ 1 bilhão destinada a fomentar investimentos privados em florestas nativas. O objetivo do programa é impulsionar a restauração florestal, promover a captura de carbono e desenvolver a bioeconomia, além de apoiar a implementação do Código Florestal. Parte dos recursos é oriunda do Fundo Clima, e o programa já está acessível para empresas de todos os portes na modalidade de crédito direto.
Para participar do BNDES Florestas Crédito, as empresas devem atuar em áreas como manejo sustentável, recuperação de vegetação, concessões florestais, plantio de espécies nativas, sistemas agroflorestais, e cadeias produtivas de produtos florestais. Do total de R$ 1 bilhão, R$ 456 milhões vêm do Fundo Clima e R$ 544 milhões são recursos do próprio banco, utilizando linhas tradicionais como o BNDES Finem Meio Ambiente.
A taxa de juros para os financiamentos com o Fundo Clima é de 1% ao ano, acrescida de encargos e um spread máximo de 2,5% ao ano. O prazo de pagamento pode chegar a 300 meses, com até 96 meses de carência. Cada operação pode alcançar até R$ 100 milhões, com o BNDES cobrindo até 100% dos itens financiáveis. A avaliação de risco seguirá os parâmetros habituais do banco.
Além das condições especiais de juros, o BNDES Florestas Crédito ampliará o acesso ao crédito para o setor florestal. Os empréstimos serão estruturados principalmente no modelo de Project Finance, permitindo uma análise detalhada de cada projeto, cliente e setor. O BNDES avaliará a qualidade dos empreendedores, a estrutura contratual e os mecanismos de mitigação de risco.
O programa também visa personalizar garantias, possibilitando que o próprio projeto sirva como principal garantia ao BNDES. Com essa abordagem, espera-se aumentar a participação de empresas no uso de instrumentos como o Fundo Clima, facilitando o financiamento de projetos de restauração florestal.
Para desenhar o programa, o BNDES realizou estudos sobre o mercado de reflorestamento, incluindo consultas e audiências com o setor. De acordo com Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, o banco está se concentrando não apenas na questão ambiental, mas também no crescimento econômico do setor. “Nossa ambição é que o Brasil se torne um dos maiores players globais em restauração florestal”, afirmou Tereza, destacando a intenção de envolver bancos privados na iniciativa.
Este ano, o BNDES já financiou duas operações significativas no setor, com as empresas re.green e Mombak, somando R$ 347 milhões para reflorestamento de 30 mil hectares na Amazônia. Esses projetos integram a iniciativa do governo de transformar o “Arco do Desmatamento” em um “Arco da Restauração”, com a meta de recuperar 24 milhões de hectares até 2050.
Além de combater o desmatamento, a restauração florestal é considerada uma das formas mais eficientes de capturar carbono, conservar a biodiversidade e garantir a sustentabilidade das populações locais. “Vamos promover não apenas a restauração ecológica, mas também a produtiva, viabilizando a produção de alimentos como açaí e cacau, além de gerar empregos e renda”, concluiu Tereza.