Pela primeira vez, o Censo da Educação Superior trouxe uma análise detalhada sobre a transição direta de estudantes do ensino médio para o ensino superior. Segundo a edição de 2023 do levantamento, 27% dos alunos que concluíram o ensino médio em 2022 ingressaram na educação superior no ano seguinte, o que representa cerca de 620 mil estudantes. O destaque foi para a rede federal de ensino, onde 58% dos concluintes no mesmo período iniciaram a graduação em 2023. Esses dados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no dia 3 de outubro.
O estudo também analisou as diferentes modalidades de ensino. No ensino médio regular, 30% dos concluintes em 2022 ingressaram na educação superior no ano seguinte, enquanto na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o percentual foi de 9%. Os estudantes que concluíram o ensino médio integrado à educação profissional apresentaram uma taxa de 44%, acima da média geral, evidenciando a relevância dessa modalidade de ensino para a continuidade nos estudos.
O levantamento também mostrou disparidades entre as zonas urbanas e rurais. Nas áreas urbanas, 27% dos alunos seguiram diretamente para o ensino superior após concluir o ensino médio, enquanto nas áreas rurais, apenas 16% fizeram essa transição. O diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Eduardo Moreno, destacou a importância de políticas que garantam maior acesso e permanência no ensino superior, principalmente para os estudantes de áreas rurais.
Uma nova análise também revelou que 93,4% dos municípios brasileiros, ou seja, 3.392 dos 5.570 existentes, já oferecem cursos presenciais de educação superior ou possuem polos de ensino a distância (EaD). Entre esses municípios, 89,7% das matrículas em EaD estão concentradas em locais que também oferecem cursos presenciais, enquanto apenas 10,3% estão em cidades onde o ensino a distância é a única opção de graduação disponível.
O Censo da Educação Superior tem como objetivo gerar dados detalhados sobre o panorama da educação superior no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento e avaliação de políticas públicas no setor. As informações do censo também são usadas para calcular indicadores de qualidade, como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC), essenciais para monitorar o desempenho das instituições de ensino superior. A responsabilidade pela coordenação, coleta e disseminação dos dados cabe ao Inep.