Em 10 de dezembro de 2025, o governo federal retomou um compromisso antigo: levar água tratada e saneamento básico a milhões de pessoas que ainda vivem sem esses direitos fundamentais. Sob a bandeira do Novo PAC, R$ 11,8 bilhões foram anunciados para novas seleções de projetos de abastecimento de água e esgotamento sanitário, tanto em áreas urbanas quanto rurais. A expectativa oficial é de que cerca de 13 milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas pelas obras.

Foto: Governo do Estado de São Paulo

Entre os destaques está o aporte de R$ 644,8 milhões — com mais R$ 21 milhões de contrapartida — voltados ao abastecimento em zonas rurais, atendendo 153 municípios em situação de vulnerabilidade hídrica. Serão contempladas 530 comunidades, totalizando cerca de 42 mil famílias. Para muitas delas, trata-se de uma conquista histórica: um fim à insegurança hídrica crônica, com soluções de baixo custo e sustentáveis para garantir o acesso à água potável.

Para áreas urbanas, o volume é ainda maior: R$ 5 bilhões para abastecimento de água e R$ 5,6 bilhões via FGTS para obras de esgotamento sanitário, além de contrapartidas municipais. Essa injeção de recursos ocorre em um momento em que o saneamento básico enfrenta um déficit grave: segundo dados recentes, cerca de 70 milhões de brasileiros ainda vivem sem tratamento de esgoto e 30 milhões permanecem sem água tratada. O novo pacote procura reduzir essa disparidade e aproximar o país da meta de universalização até 2033.

Saneamento como motor de igualdade, saúde e qualidade de vida

Para além da infraestrutura civil, o anúncio carrega um valor simbólico e prático profundo. Investir em saneamento não é apenas erguer canos e estações de tratamento. É transformar realidades marcadas por doenças, desigualdades e abandono. A promessa de que “a cada real investido em saneamento, o país economiza quatro em saúde”, como destacou o ministro à época, traduz uma equação fundamental: saneamento = dignidade + saúde + cidadania.

Especialmente nas áreas rurais, onde a vulnerabilidade é mais acentuada, o impacto vai além de conforto urbano. Significa erradicar a insegurança hídrica, garantir o consumo de água limpa, prevenir doenças e levar dignidade a famílias que, por décadas, conviveram com a escassez ou com soluções improvisadas. Nas cidades, implica reduzir o despejo de esgoto nos rios, evitar enchentes causadas por drenagem deficiente e melhorar a qualidade de vida urbana como um todo.

Além disso, a nova rodada de financiamento demonstra que o Estado mira em uma meta de longo prazo: universalizar o acesso até 2033. Trata-se de um pacto social ambicioso — um compromisso com aqueles que historicamente foram relegados à margem, não apenas para “tirar a sede”, mas para garantir saúde, meio ambiente, dignidade e igualdade de oportunidades.

Crédito: Marcelo Camará/MCID
Crédito: Marcelo Camará/MCID

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Desafios e o longo caminho até 2033

Mesmo com o investimento anunciado, a estrada para a universalização do saneamento no Brasil continua longa e cheia de desafios. A trajetória do Novo PAC — lançado oficialmente em agosto de 2023 como um plano de investimentos ambicioso, de aproximadamente R$ 1,7 trilhão até 2026 — já previa várias áreas prioritárias: saneamento, mobilidade, habitação, transição energética, inclusão digital, entre outras.

O novo montante de R$ 11,8 bilhões representa mais um passo importante, mas está longe de resolver todas as deficiências históricas. A magnitude dos números — 70 milhões sem esgoto tratado, 30 milhões sem água — mostra que os investimentos precisam ser constantes, sólidos e bem executados, com planejamento técnico, contratos transparentes e acompanhamento rigoroso.

Também é essencial que os municípios interessados formalizem e enviem suas propostas — o edital está aberto, e o processo de seleção é contínuo, inclusive para recursos via FGTS. Há, portanto, um papel ativo dos gestores locais na alocação e priorização das obras: a universalização só será possível com engajamento, governança e vontade política.

Em suma, o anúncio de 10 de dezembro de 2025 reacende a esperança de milhões de brasileiros. Mas transformar essa esperança em realidade exigirá persistência, responsabilidade e compromisso real com a universalização do saneamento.

O novo pacote do Novo PAC para 2025 representa uma virada necessária na política de saneamento do Brasil. Ao destinar R$ 11,8 bilhões para água e esgoto, com foco em áreas de maior vulnerabilidade — especialmente zonas rurais — o governo sinaliza que saneamento básico deve ser tratado como direito e prioridade nacional. A medida pode alterar vidas de milhões de pessoas, promovendo saúde, dignidade e justiça social. Se houver continuidade, execução eficaz e participação ativa dos municípios, a meta de universalização até 2033, embora ambiciosa, pode começar a se tornar concreta.