28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes é lançada em Belém

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), lançou nesta segunda-feira (4), a 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Este ano, o evento acontece de 16 a 22 de agosto, das 9h às 22h, com entrada até às 21h, novamente no Hangar Convenções e Feiras, em Belém, com Mestre Damasceno Wanda Monteiro, como homenageados.

Destaques da 28ª edição

Ursula Vidal, titular da Secult, comentou os destaques desta edição, durante coletiva de imprensa realizada no Teatro Gasômetro, em Belém. “Nossa Feira tá chegando com mais de 100 escritores e escritoras paraenses autografando seus livros, mais de 70 convidados dos nossos papos literários, quase 200 estandes entre livrarias, distribuidoras, editoras e parceiros sempre muito importantes na realização da nossa Feira”, destacou a secretária.

Sete eixos temáticos norteiam as atividades ao longo dos sete dias de Feira, destacando a pluralidade de saberes e vivências da Amazônia. A abertura, no dia 16, será com as Vozes da Poética e da Encantaria, seguida pelas Vozes do Clima e COP30, Vozes da Diversidade e Inclusão, Vozes da Infância e Juventude, Vozes do Escritor Paraense, Vozes Cabanas e, no encerramento, Vozes dos Saberes Ancestrais.

“A nossa Feira é do livro, mas é também das Multivozes, das oralidades amazônicas, valorizando os nossos povos e comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas. A gente quer que o povo, como todos os anos, abrace os nossos autores e as nossas autoras, e a produção literária que transforma mentes, que forma a cidadania, que forma um povo consciente do seu papel na construção do futuro mais justo”, acrescentou Ursula Vidal.

Outro destaque desta edição é o reforço nas ações de sustentabilidade, que estará refletida na cenografia da feira. Toda a estrutura foi concebida priorizando a reutilização de materiais de edições anteriores e evitando o uso de plásticos e itens descartáveis. A proposta busca reduzir a geração de resíduos e reforçar o compromisso com o uso consciente dos recursos públicos, em alinhamento às diretrizes do Estado.

Estrutura

A 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes será realizada em uma área total de mais de 10 mil metros quadrados, com climatização completa e ocupando todo o térreo do Hangar. No pavilhão de eventos, ocorrerá a comercialização de livros. A programação cultural acontece na Arena Multivozes, que este ano funcionará no Salão B. Além disso, a Feira conta com praça de alimentação.

Entre os espaços que já se consolidaram na programação estão o Ponto do Autor, o Beco do Artista e a Feira Criativa. No Ponto do Autor, escritores do Estado realizam sessões de autógrafos e lançamentos de livros. No Beco do Artista, ilustradores, quadrinistas e artistas visuais comercializam suas obras. Já na Feira Criativa, empreendedores ligados à economia criativa apresentam seus produtos ao público.

Nesta edição, participam 120 empresas, sendo 32 editoras, 40 livrarias e 48 distribuidoras. O número de negócios do Pará também cresceu: serão 70 empresas locais, dez a mais do que na edição anterior. Ao todo, serão montados 189 estandes de livros e nove voltados à gastronomia. Editoras universitárias como UFPA, Uepa, Unesp e a Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu) também estão confirmadas.

A expectativa é que a movimentação financeira ultrapasse os R$ 12 milhões em vendas e encomendas de livros. A estimativa é de geração de aproximadamente duas mil vagas de empregos diretos e indiretos durante a montagem e os sete dias de programação.

Homenageados

Guto Nunes, produtor e empresário, representou o Mestre Damasceno durante o lançamento. “O Mestre Damasceno ficou muito feliz com o convite, que vem coroar toda uma trajetória que ele vem alcançando graças à sua forma de falar, de se expressar, que não é a literatura deitada no papel, tradicional, mas é a literatura da oralidade. A Secult, muito sensível a isso, fez esse convite que ele recebeu com muita felicidade, especialmente por ser um dos homenageados ao lado da Wanda, que é incrível”, ressaltou.

Nascido em 1954, na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó, Damasceno é referência no carimbó, nas toadas e na poesia oral, é o criador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra, manifestação junina que mescla teatro popular, cultura quilombola e elementos da natureza amazônica. Damasceno é uma pessoa com deficiência visual desde os 19 anos e, em maio deste ano, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria concedida pelo Ministério da Cultura.

Também homenageada da 28ª, Wanda Monteiro falou da sua satisfação de ter recebido o convite. “Foi uma surpresa e um sentimento de muita gratidão, porque ser reconhecida dentro da nossa terra é muito difícil, e é uma alenquerense, uma cabocla do Baixo Amazonas, chegando para um evento na qualidade de homenageada. Isso para mim tem um valor, um significado. Uma pessoa do rio, uma ribeirinha que por acaso escreve, mas que tem outras lutas além da escrita”, disse, emocionada, Monteiro.

Filha do escritor Benedicto Monteiro, Wanda nasceu em 1958, em Alenquer, no oeste do Pará, e herdou do pai a veia literária e a atuação militante. É autora de livros de poemas, contos, ensaios e romances, com obras publicadas em importantes revistas literárias do país. Também atua como advogada e pesquisadora da obra e do legado do pai.

Lançamentos

Durante a feira, três livros editados pela Secult serão lançados. “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, de Antonio Carlos Pimentel Jr., com ilustrações de Mandy Modesto, apresenta relatos de vida do homenageado e convida o leitor a conhecer a cultura do Marajó de forma sensível e acessível, especialmente ao público infantojuvenil.

“Wanda Monteiro – Poesia reunida” reúne textos da autora que tratam de afetos, cotidiano e experiências amazônicas com lirismo e profundidade. Já o título “O Homem Rio – A saga de Miguel dos Santos Prazeres”, de Benedicto Monteiro, ganha edição especial em homenagem ao centenário do autor, celebrado em 2024.