A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) está implementando um projeto de inovação tecnológica na citricultura em Capitão Poço, uma região de integração do Rio Capim. O objetivo é adaptar os pequenos produtores de mudas às normas atuais do sistema de produção exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O projeto, que está sendo desenvolvido na agrovila de Santa Luzia de Induá, atualmente atende 80 produtores de mudas, com a expectativa de incluir mais 20 citricultores até o final do projeto.
Desde setembro do ano passado, uma Instrução Normativa do Governo Federal proíbe a produção de mudas cítricas em contato com o solo. Agora, a produção deve ser realizada em estufas, com os sacos colocados em bancadas e o uso de substratos, como fibra de coco ou dendê, em substituição ao solo.
Segundo Geraldo Tavares, gerente de fruticultura da Sedap, a iniciativa visa qualificar a mão de obra para a produção em ambiente protegido com tela e bancadas, mantendo a planta fora do solo.
Este projeto piloto servirá como modelo para outras regiões do Pará. Giovanni Queiroz, titular da Sedap, visitou recentemente a Unidade Agropecuária (Uagro) de Capitão Poço, onde estão ocorrendo os treinamentos, para conhecer de perto a ação. A Sedap oferece capacitação mensal por meio de módulos que abordam todas as fases de produção.
Tavares explica que as empresas e produtores de maior porte já se adequaram à normativa, mas os pequenos produtores enfrentam dificuldades para se adequar devido ao alto custo necessário para a construção da infraestrutura necessária. A Sedap, como secretaria responsável pelo fomento da produção agrícola no estado, está implementando o sistema que permitirá a produção anual de 200 mil mudas de citros, incluindo tangerina, laranja e limão.
“Essa é a única tecnologia autorizada pelo Ministério da Agricultura para a produção de mudas cítricas no Brasil. Neste processo, o Governo do Estado forneceu, a título de fomento, todos os insumos, como adubos, substratos, ferramentas, sementes, entre outros, para que o produtor possa se capitalizar. A partir do segundo ano, o processo de compras de insumos será feito pela associação de produtores. Estamos dando o pontapé inicial para que eles consigam se capitalizar e produzir por conta própria a partir do segundo ano”, informou Geraldo Tavares.
Ele destacou que o Pará, assim como outros estados do país, passa por um período de transição entre as mudas produzidas no solo e as cultivadas em viveiros telados. A necessidade das novas normas para a produção cítrica no Brasil surgiu principalmente devido a pragas e doenças que afetam as mudas. Existe uma doença chamada Greening que tem devastado a citricultura de vários países, incluindo os Estados Unidos (na Flórida). Esta doença está presente nas plantações de citros em São Paulo, que é o maior produtor do país, e também em Minas Gerais.
“Esta doença, assim como outras que afetam os estados da região sudeste, não está presente no território paraense, que é considerado uma zona livre das principais enfermidades da cultura. O Greening, ou ‘esverdeamento’, ocorre através da transmissão feita por um inseto que contamina as mudas inoculando a bactéria Candidatus liberibacter asiaticus, atualmente a principal causadora da doença no Brasil. Portanto, se o produtor produz com base não estruturada, pode comercializar uma muda contaminada e assim transmitir a doença”, alertou.
O Pará, como ressaltou Tavares, é um dos poucos estados do Brasil que tem o status de área livre de pragas quarentenárias para citros.
“Doenças como Cancro Cítrico, Pinta Preta e o próprio Greening, não estão presentes no Pará, então, esse é o diferencial do nosso estado. O custo de produção de laranja em São Paulo é muito maior, porque eles têm que destinar parte das vendas para a contenção de pragas e nós não temos no nosso estado”, destacou.
Tavares também destacou o trabalho da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), que realiza o levantamento de detecção dessas pragas.