Justiça holandesa analisa responsabilidade da Norsk Hydro por contaminação no Pará

Justiça holandesa analisa responsabilidade da Norsk Hydro por contaminação no Pará

Nesta quarta-feira (12), a Corte Distrital de Roterdã, na Holanda, deu início ao julgamento que pode responsabilizar o grupo Norsk Hydro pelos danos ambientais e sociais causados na região de Barcarena, no Pará. O caso envolve a acusação de contaminação das águas, impacto na saúde pública e prejuízos à subsistência de milhares de famílias que vivem próximas às operações da multinacional.

Justiça holandesa analisa responsabilidade da Norsk Hydro por contaminação no ParáA ação judicial foi movida por nove vítimas diretas e pela associação Cainquiama, que representa mais de 11 mil moradores de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O processo busca responsabilizar sete empresas do grupo Norsk Hydro, incluindo sua matriz norueguesa e subsidiárias holandesas, sob a alegação de que as controladoras se beneficiam financeiramente das operações poluidoras realizadas no Brasil.

Histórico da Contaminação: Um Impacto de Décadas

A Norsk Hydro é a principal acionista da Alunorte, a maior refinaria de alumina do mundo fora da China, com presença no Brasil desde 1995. O impacto ambiental de suas operações ganhou notoriedade em fevereiro de 2018, quando um vazamento de lama vermelha de uma das bacias de rejeitos atingiu rios e nascentes da região.

Além disso, no mês seguinte, investigações revelaram que a empresa operava tubulações clandestinas, despejando águas residuais não tratadas diretamente no rio Pará. Esse crime ambiental gerou consequências severas para a população local, que sofre com doenças como câncer, problemas de pele, Alzheimer e dificuldades respiratórias.

Para muitas famílias, a contaminação da água significou o fim das atividades de pesca e agricultura, obrigando moradores a abandonarem suas terras e buscarem novos meios de sobrevivência.

A Luta por Responsabilização e Justiça

O julgamento na Holanda reflete uma tendência crescente de responsabilização global das grandes corporações por danos ambientais e violações de direitos humanos. O processo se baseia no princípio do poluidor indireto, que determina que empresas não podem se isentar da responsabilidade por impactos ambientais causados por suas subsidiárias.

Justiça holandesa analisa responsabilidade da Norsk Hydro por contaminação no Pará

A decisão da Corte Distrital de Roterdã pode estabelecer um precedente importante, garantindo que multinacionais sejam responsabilizadas por crimes ambientais, mesmo quando operam fora de seus países de origem. Se condenada, a Norsk Hydro poderá ser obrigada a pagar indenizações às comunidades afetadas e adotar medidas para a recuperação ambiental da região.

Enquanto a Justiça se arrasta, comunidades seguem sofrendo

Apesar da esperança de um julgamento favorável, moradores de Barcarena seguem convivendo com os efeitos da contaminação. A água potável ainda é escassa, e as doenças relacionadas à poluição da Norsk Hydro continuam a afetar a população.

Enquanto o caso se desenrola na Justiça europeia, a grande questão persiste: até quando grandes corporações poderão explorar recursos naturais e degradar o meio ambiente sem sofrer consequências imediatas? O desfecho desse julgamento poderá redefinir os parâmetros de responsabilidade socioambiental das multinacionais e reforçar a luta global por justiça ambiental.