Em 2024, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater) tem um plano ambicioso: capacitar pelo menos dois mil pescadores artesanais em 65 municípios para diversificação de atividades e independência de renda nos períodos de defeso de espécies pesqueiras comerciais.
O foco do Plano de Assistência Técnica e Extensão Rural (Proater) é garantir trabalho e renda para os extrativistas, protegendo simultaneamente as existências biossistêmicas de caranguejo, pirarucu, tambaqui e fura-calça, entre outras, nas subrregiões das ilhas da capital Belém, além de Castanhal, Capanema, Marajó, Marabá, Médio Amazonas, Santarém, São Miguel do Guamá e Tocantins.
O Pará e a Pesca
O Pará é o segundo estado na pesca no Brasil, atrás apenas do Maranhão. São mais de 200 mil famílias pescando para alimentação própria e comercialização, mantendo uma tradição milenar da Amazônia.
A Emater trabalha o ano inteiro em prol da cadeia produtiva da pesca, levando serviços especializados, como cursos, oficinas, visitas técnicas e crédito rural. A engenheira de pesca Cleide Marques, do Escritório Local da Emater em Abaetetuba, na Região de Integração do Tocantins, resume: “Quanto ao defeso, conjunto de épocas de reprodução de peixes e mariscos em que a pesca é proibida, com exceções de fins bem limitados e fiscalizados de subsistência, a Emater reforça a conscientização e a intermediação ao acesso a políticas públicas, como o seguro-defeso.”
A Importância da Conscientização
Com informação sólida e confiável, os pescadores acolhem a importância de respeitar a proibição, pois essa parada da pesca objetiva proteger as diversas espécies migradoras. Sem proteção, uma hora as espécies deixariam de existir e todo mundo ficaria prejudicado, porque a atividade pesqueira se tornaria inviável.
A profissional acrescenta que o consumidor final também precisa ser mobilizado: “Em Abaetetuba, há programação de distribuição de folderes pela Emater nas feiras, para que o comprador entenda junto.”
A Sabedoria do Pescador
Nas fases liberadas, o agricultor familiar Pedro Lopes, mais conhecido como “Moreno”, morador do bairro Jardim Bela Vista, em Augusto Corrêa, no Rio Caeté, chega a capturar 100 caranguejos em um único dia, ao longo de uma jornada de mais de 12 horas consecutivas de lida braçal.
“É árduo, só que gratificante, porque o caranguejo serve ao nosso bolso e à nossa barriga”, comenta. A família consome o produto nas refeições do dia a dia e vende o excedente em feiras.
Com o incentivo da Emater, Moreno vem se organizando para plantar açaí: “A gente obedece muito, e sempre, os defesos, por isso queremos variar nossas fontes financeiras, para os momentos em que é proibido pescar.”