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Fábrica de PET reciclado transforma Ananindeua em polo verde

A nova fábrica de PET reciclado instalada em Ananindeua (PA) pela Cirklo e pela Solar Coca-Cola marca um passo concreto para avançar a economia circular na Amazônia. A unidade, que começará a operar em novembro, processará até 1.000 toneladas mensais de garrafas PET descartadas, promoverá empregos diretos, beneficiará cooperativas de catadores e fortalecerá uma cadeia de reciclagem que pode tornar o Pará referência nacional em soluções sustentáveis. O investimento de R$ 20 milhões em infraestrutura neste novo polo de reciclagem traz impactos ambientais, sociais e econômicos simultâneos.

A planta será abastecida com PET pós-consumo reunido por cooperativas e comerciantes locais. Esse material será triado e transformado em flocos de PET reciclado na fábrica de Ananindeua. Depois, os flocos seguem para outras unidades da Cirklo especializadas em etapas como granulação, para que o produto final seja matéria-prima de novas embalagens 100% recicladas. Em outras palavras: fechar o ciclo do plástico, reduzindo resíduos e fortalecendo o uso de materiais reciclados no lugar do PET virgem.

Para a Solar Coca-Cola, esse projeto se encaixa numa ambição mais ampla. A companhia integra o programa “Recicla Solar”, que já vem operando desde 2021 para aumentar a capacidade de coleta e de reciclagem de PET pós-consumo em sua área de atuação. O Recicla Solar já ultrapassou metas em estados do Nordeste e vem expandindo sua abrangência no Brasil. A nova fábrica permitirá que parte significativa do material reciclado permaneça na região Norte para processamento, em vez de necessitar transporte para longe, encarecendo a logística e aumentando emissões.

Foto: Reprodução/Site

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Para a Cirklo, empresa que já é uma das maiores recicladoras de garrafas PET do país, o empreendimento representa sua quarta unidade industrial e reforça seu papel estratégico na economia circular. A companhia já vem investindo em escalabilidade, qualidade de produto reciclado com aprovações regulatórias (inclusive para uso alimentício), rastreabilidade e integração logística.  Irineu Bueno Barbosa Júnior, CEO da Cirklo, observa que a ampliação da cadeia vai beneficiar catadores e cooperativas, gerar empregos locais – mais de 60 diretos – e consolidar o resíduo plástico como insumo produtivo, não apenas como lixo a ser descartado.

A escolha de Ananindeua é estratégica. O Norte brasileiro, especialmente a Amazônia, enfrenta desafios particulares: distância, logística cara, baixo investimento histórico em infraestruturas verdes, e pressão ambiental forte. A fábrica vai ajudar a mitigar parte dessas dificuldades, gerando valor agregado na própria região e reduzindo emissões de transporte. Para a Solar Coca-Cola esse projeto também se apresenta como um legado concreto que a empresa espera contribuir à COP30, sediada em Belém, demonstrando compromisso com metas de neutralidade plástica e de gestão de resíduos.

Analiticamente, o projeto revela várias dimensões de sustentabilidade em ação. Ambientalmente, ele reduz o volume de PET descartado, que normalmente poderia contaminar rios, contribuir para poluição ou pousar em aterros inadequados. Ao processar esse plástico localmente e transformá-lo em matéria-prima reciclada, diminui-se também a necessidade de plástico virgem, que exige extração de petróleo, produção energética intensiva e transporte longínquo. Socialmente, o fortalecimento das cooperativas e dos catadores traz inclusão, renda e dignidade para trabalhadores da base da reciclagem, frequentemente ignorados ou excluídos. Economicamente, cria-se uma cadeia de valor regional que agrega emprego, movimenta comércio e estimula novas práticas industriais. E politicamente, o empreendimento serve de exemplo prático para a COP30 — mostra concreta que compromissos climáticos e metas de circularidade precisam de infraestrutura, investimento e parcerias locais.

Mas há desafios. A fábrica precisará garantir que o fornecimento de PET descartado seja constante e com qualidade adequada para produzir flocos que atinjam padrões rígidos, especialmente para uso em embalagens alimentícias. A logística de coleta, triagem e transporte até a planta deve ser eficiente e justa; cooperativas precisam de apoio técnico, remuneração justa e segurança para operar. Além disso, será importante manter mecanismos de regulação, fiscalização e incentivo, para que a cadeia continue competitiva e sustentável mesmo quando custos do PET reciclado ou da operação variem.

Em resumo, a inauguração dessa fábrica em Ananindeua é muito mais do que investimento industrial: é parte de uma estratégia de transformação. Se operando como prometido, ela poderá gerar um ciclo virtuoso de redução de resíduos, geração de emprego, desenvolvimento regional e compromisso climático. No mapa da Amazônia, esse polo de reciclagem sinaliza uma mudança: plástico que antes era descarte pode virar elemento de valor, protagonismo local, exemplo de economia circular para o Brasil inteiro.

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