Divulgação - Foto: Cristiano Bordallo
Belém ganha neste setembro um presente especial: a transformação dos muros do Museu Paraense Emílio Goeldi em uma verdadeira galeria de arte a céu aberto. Em parceria com o Museu de Arte Urbana de Belém (Maub), a instituição científica mais antiga da Amazônia abre espaço para o muralismo como linguagem de aproximação com a comunidade e como forma de celebrar a diversidade cultural e natural da região.
Ao todo, 19 artistas foram selecionados por edital público e deram novas cores às paredes que cercam o Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa, transformando o cotidiano dos bairros de São Brás e Terra Firme. As obras, inspiradas na sociobiodiversidade amazônica, retratam fauna, flora, povos e imaginários que marcam a identidade da região. O resultado final será comemorado neste domingo, 28 de setembro, em um evento de rua com entrada gratuita, a partir das 9h, na Avenida Magalhães Barata, entre a Avenida Alcindo Cacela e a Travessa 9 de Janeiro.
Para o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, a iniciativa representa um passo importante na missão de aproximar ciência e sociedade: “Estabelecemos como eixo central do projeto a interrelação entre ciência, cultura, arte urbana e educação. Nossa intenção é mostrar que o Museu Goeldi, prestes a completar 160 anos, segue preparado para dialogar com o século XXI.”
Fundado em 1866, o Museu Goeldi se consolidou como centro de referência em pesquisas sobre a Amazônia. Tradicionalmente marcado por fachadas sóbrias e linguagem científica, a instituição agora se abre para um diálogo mais fluido e colorido com a cidade. Essa escolha não é apenas estética, mas também estratégica: democratizar a ciência por meio de linguagens artísticas acessíveis, que ultrapassam muros simbólicos e aproximam a população dos temas ambientais e culturais.
A adesão do Maub ao projeto reforça esse propósito. Criado para transformar Belém em uma galeria urbana, o museu itinerante já ocupou o espaço do Ver-o-Rio em edições anteriores. Agora, ao chegar ao Museu Goeldi, ganha uma dimensão histórica e simbólica ainda maior: conecta artistas da Amazônia e de outras regiões do país a um patrimônio tombado e reconhecido nacionalmente.
A intervenção artística não passou despercebida pelos moradores da vizinhança. Caminhantes, ciclistas e motoristas registraram em celulares a evolução dos painéis. Laurinda da Silva, que mora próxima ao Parque Zoobotânico, resumiu o sentimento de muitos: “Mudou a paisagem, ficou mais bonito caminhar aqui. A arte que retrata nossa cultura dá até mais ânimo para continuar.”
Os artistas também testemunham esse acolhimento. Francisco Ribeiro, natural do Amapá, contou que buscou retratar a arara, a onça e a jiboia em diálogo com elementos de encantaria. “Meu trabalho é muito voltado para a paisagem amazônica. As pessoas passam e gritam elogiando. É uma troca muito forte”, explicou.
Dos 19 selecionados, 12 são paraenses. Os demais representam estados como Amazonas, Amapá, São Paulo, Goiás e o Distrito Federal. Cada painel se tornou um convite para enxergar a Amazônia por múltiplos olhares: ora pela lente da cultura popular, ora pelo imaginário indígena, ora pela potência de suas paisagens.
A grandiosidade do projeto também exigiu etapas rigorosas. Por se tratar de patrimônio tombado, foi necessária a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Dphac/Secult). A ação foi viabilizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica, captação de recursos e a elaboração de um edital detalhado.
O projeto é realizado pela Sonique Produções e pela Oito Quatro Produções, aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Vale e chancela do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
O Parque Zoobotânico completa 130 anos em 2025, e o Museu Goeldi inicia a contagem regressiva para os seus 160 anos. As intervenções artísticas, portanto, não são apenas um projeto de revitalização, mas uma celebração da história e do futuro da instituição. A terceira base física do museu, a Estação Científica Ferreira Penna, localizada na Floresta Nacional de Caxiuanã, também integra esse processo simbólico de valorização das riquezas materiais e imateriais da Amazônia.
Como destaca Gibson Massoud, idealizador do Maub: “Nosso objetivo é transformar Belém em uma galeria a céu aberto. Essa edição no Museu Goeldi conecta ciência, cultura e comunidade em um diálogo único. O resultado é um patrimônio coletivo já abraçado pela população antes mesmo da inauguração.”
O Parque Zoobotânico reabre ao público no dia 3 de outubro, após passar por obras de revitalização em recintos de animais e prédios históricos. Até lá, os muros pintados já anunciam que Belém está vivendo um tempo em que a ciência encontra a arte nas ruas.
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