Biohacking promete corpos mais fortes e mentes mais afiadas, mas dieta e exercício continuam sendo os melhores aliados
Entenda o que está por trás da tendência global de alterar o corpo com tecnologia, suplementos, rotinas experimentais e por que hábitos básicos ainda são mais eficazes
O termo biohacking já foi um jargão restrito ao Vale do Silício, mas hoje se transformou em um movimento global. A ideia é simples: usar ciência, tecnologia e mudanças de estilo de vida para “ajustar” o funcionamento do corpo humano, com a promessa de aumentar a energia, a produtividade e até prolongar a vida.
Essas práticas vão desde jejum intermitente, banhos de imersão em água gelada e o uso de gadgets que monitoram o sono, até experimentos mais ousados, como testes genéticos e suplementos pouco estudados.
O fascínio pelo biohacking está no desejo humano ancestral de superar limites físicos e mentais. Mas os especialistas lembram: muitas dessas estratégias ainda não têm comprovação científica sólida e podem trazer riscos.
Biohacking é o nome dado a práticas que tentam melhorar a performance humana com base em ciência, tecnologia ou mudanças comportamentais. A ideia surgiu nos anos 1980, mas ganhou força nos anos 2010, quando empreendedores de tecnologia começaram a testar dietas extremas, pílulas inteligentes e até chips implantáveis no corpo.
Hoje, o movimento engloba desde aplicativos que medem variabilidade cardíaca até exames de DNA vendidos pela internet. O problema é que, ao contrário dos tratamentos médicos regulamentados, a maior parte desses “hacks” não passou por ensaios clínicos de longo prazo. Isso deixa os consumidores em terreno incerto: o que funciona de fato e o que não passa de moda cara, ou até perigosa?
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Para o médico Matthew Badgett, especialista em medicina integrativa da Cleveland Clinic, a chave é avaliar cada biohack com base em dois critérios: benefícios comprovados e ausência relativa de riscos.
“Nem toda intervenção precisa ter grandes evidências para ser testada”, explica. “Se não houver risco relevante e o paciente quiser experimentar, pode tentar. Mas sempre baseado em dados reais.”
Segundo ele, muitos suplementos e dispositivos vendidos como biohacks são caros, pouco regulados e têm efeitos colaterais mal documentados.
Uma das áreas mais populares é a dos chamados nootrópicos, ou drogas inteligentes. Elas prometem melhorar memória, foco e criatividade. Algumas são medicamentos de uso controlado, prescritos para doenças como narcolepsia. Outras, porém, são vendidas livremente como suplementos alimentares, sem passar pelo crivo de agências regulatórias.
Badgett é direto: “Sou bastante cético com a maioria dos nootrópicos. Com exceção da cafeína, o mais antigo e comprovado de todos”.
Apesar do apelo futurista, os biohacks mais eficazes são, na verdade, os mais básicos. Dieta equilibrada, prática regular de exercícios e sono de qualidade continuam sendo os pilares da saúde.
“Esses três fatores têm impacto muito maior do que qualquer sauna, wearable ou suplemento”, diz Badgett.
Há práticas intermediárias que podem ajudar, como o jejum intermitente, associado a benefícios metabólicos. Mas a dificuldade está na adesão. “Muitas pessoas até começam, mas não conseguem manter por muito tempo”, observa.
Testes genéticos e implantes: atenção redobrada
O mercado também oferece testes de DNA que prometem revelar riscos de doenças e predisposições individuais. Embora úteis em alguns casos, eles ainda têm limitações. “Nem todas as variações genéticas conhecidas hoje têm impacto clínico claro”, alerta Badgett.
Já no campo dos implantes corporais, como sensores de glicose ou chips para pagamentos, a recomendação é cautela. “Qualquer dispositivo colocado no corpo deveria passar por testes clínicos rigorosos e aprovação das autoridades de saúde. Fora disso, é arriscado”, afirma.
O biohacking pode ser excitante e, em alguns casos, oferecer ferramentas úteis para quem busca mais autoconhecimento e controle da própria saúde. Mas para cada prática bem fundamentada, existem dezenas de modismos sem base científica.
Por isso, a recomendação dos especialistas é clara: siga o que já está comprovado. Alimente-se bem, exercite-se com regularidade e durma o suficiente. Esses hábitos, mais do que qualquer pílula ou dispositivo, são os verdadeiros “hacks” para viver melhor.
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