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Varanda da Amazônia: ponte entre cultura, natureza e futuro

Em Belém, na manhã de 7 de outubro de 2025, o Pará viveu um momento simbólico de convergência entre natureza, cultura e política: o III Fórum Varanda da Amazônia foi inaugurado no Teatro Maria Sylvia Nunes, idealizado por Fafá de Belém. Ao lado dela, o governador Helder Barbalho propôs uma virada histórica para o bioma amazônico, com a COP 30, marcada para novembro de 2025, assumindo papel de divisor de águas para o Brasil e o mundo.

Helder apontou que o Pará não chega a essa encruzilhada vazio: as transformações urbanas em Belém já deixaram sua marca, como a recente entrega da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Una e estruturar a economia do futuro, baseada na floresta em pé, já é realidade. Ele citou o Porto Futuro, que abriga o Museu das Amazônias, a Caixa Cultural e o recém-inaugurado Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia. Este parque, instalado nos Armazéns 5 e 6 do Porto Futuro, ocupa cerca de 6.000 m² e integra laboratórios, espaços de pesquisa, produção experimental e startups, voltados à industrialização de bens amazônicos como açaí e tucupi, com certificação sanitária e capacidade de exportação.

Na fala do governador, há um eixo claro de articulação entre ciência, saberes tradicionais e sustentabilidade. “O Parque de Bioeconomia é o maior do mundo e um legado que o Pará entrega à Amazônia e ao planeta. Mostra que é possível conciliar desenvolvimento e preservação, criando emprego, renda e fortalecendo os negócios da floresta”, afirmou. Ele defendeu que a floresta viva — com sua biodiversidade, seus povos, seus recursos — pode gerar valor sem que haja destruição. Tudo isso se insere em uma nova lógica: não vender floresta, mas valorizar o serviço ambiental que ela presta. Nesse sentido, Helder enfatizou que o modelo industrial tradicional emite carbono; o modelo que se busca no Pará é justamente capturar carbono — e que essa captura seja remunerada mundialmente.

Divulgação – Agência Pará

VEJA TAMBÉM: Setor privado da Amazônia assume combate ao desmatamento

Uma dimensão essencial, segundo ele, é a justiça social: preservar sem garantir dignidade, renda e autonomia para quem vive da floresta é utopia vazia. “Não há floresta em pé se houver fome. Sustentabilidade que não considera as pessoas é discurso vazio”, disse Helder, reafirmando que comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares devem estar no centro da repartição de benefícios. O Pará está montando um mercado jurisdicional de carbono, com repartição direta de receitas para quem preserva. Os recursos públicos serão aplicados tanto na redução do desmatamento quanto na mitigação das emissões.

Para Fafá de Belém, anfitriã do Fórum, o evento carrega peso simbólico. Comemorando os 15 anos da Varanda de Nazaré, ela lembrou que esse espaço cultural evoluiu para plataforma de articulação, onde o amazônida, seus valores, sua fé, cultura e pertencimento são centrais. Às vésperas da COP 30, a Varanda convoca: que o Brasil e o mundo escutem. Sem esse protagonismo local, a floresta e seus povos perdem voz — e sentido. O tema “O futuro da Amazônia é agora!”, vai além de discursos para refletir possibilidades concretas. Reúne pesquisadores, lideranças de comunidades tradicionais, representantes de instituições nacionais e internacionais, com programação que aborda ciência, inovação, cultura, gastronomia, turismo consciente, educação, transição energética, justiça climática, identificação de cadeias produtivas sustentáveis e modos de vida ancestrais.

Significa também que o Pará assume papel estratégico internacional: sediar a COP 30 não será apenas sediar uma conferência, mas mostrar um modelo em construção — onde floresta viva gera produtos exportáveis, onde tecnologia conversa com saber tradicional, onde preservação é também instrumento de desenvolvimento. É um convite para que o debates globais, sobre clima, carbono, justiça ambiental, sejam conduzidos também por quem vive na Amazônia, não apenas por quem observa de longe.

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