Açaibot: o robô que promete revolucionar a colheita do açaí chega ao Festival do Açaí em Belém

Um marco na tecnologia regional

Nos dias 12 e 13 de junho de 2025, Belém, no Pará, sediará um dos eventos mais esperados do setor agroindustrial amazônico: o Festival do Açaí. Além das celebrações típicas da cultura paraense, o evento terá um momento histórico: o lançamento oficial do Açaibot, o primeiro robô nacional desenvolvido para colheita de açaí em larga escala. O equipamento é fruto de anos de pesquisa da Kaatech, empresa de tecnologia agrícola do Grupo Kaa, e será apresentado no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

Tecnologia feita na Amazônia com alcance global

A Kaatech, com base em Belém (PA), fez saber que o Açaibot já está disponível em sistema de pré-venda por meio do site da empresa, com reservas de até 1.000 unidades e entrada facilitada, apenas 20%. Esse movimento sinaliza o início de uma nova era para a cadeia produtiva do açaí, uma das bases da economia amazônica.

O dispositivo por controle remoto pode colher centenas de cachos de açaí em uma única manhã. Segundo informações divulgadas pelo CEO da Kaatech, Marcelo Feliciano, “uma pessoa normalmente conseguiria subir em uma palmeira algumas dezenas de vezes ao longo de uma manhã. Com o Açaibot, esse número supera a marca de 100 subidas comparáveis”, o que pode aumentar em até dez vezes a produtividade no campo.

Ganhos de produtividade e efeitos na renda

Essa produtividade acelerada significa ganhos expressivos na renda dos trabalhadores ribeirinhos. A colheita, antes limitada por esforço físico e riscos, se torna mais rápida, eficiente e segura com o uso do robô. Calcula-se que, num ciclo de trabalho equivalente — uma manhã de coleta, a quantidade de cachos colhidos multiplica-se, refletindo de forma direta no faturamento.

O CEO da Kaatech, Feliciano, enfatiza: “Quando uma pessoa sobe repetidamente na palmeira, o desgaste físico e o risco acumulado são altos. Com o Açaibot, esse processo é mecanizado, tornando a coleta menos extenuante e mais rentável, especialmente em áreas com barrancos, árvoreções densas ou terrenos irregulares.”

Segurança e impacto social

Além do incremento produtivo, o Açaibot assegura benefícios sociais significativos. A colheita tradicional, em que trabalhadores escalam palmeiras altas com risco de queda, é substituída por um processo controlado à distância. Isso reduz drasticamente o número de acidentes.

Outro ponto destacado pelos desenvolvedores é o combate ao trabalho infantil. Infelizmente, essa atividade ainda conta com mão de obra jovem em regiões remotas, exposta a perigos e jornada exaustiva. Ao automatizar a colheita, o robô serve como elo importante na proteção dos direitos das crianças e adolescentes.

Adalto Barbosa, sócio e investidor do Grupo Kaa, compartilhou sua empolgação: “Desde o primeiro protótipo, fizemos dezenas de melhorias — em braços mecânicos, autonomia de bateria, estabilidade em terreno irregular. Agora, temos uma versão robusta, segura e eficaz para modernizar profundamente a colheita do açaí.”

Uma cadeia mais sustentável e integrada

O lançamento do Açaibot representa a primeira peça de um grande quebra-cabeça para transformar o setor. O Grupo Kaa está reescrevendo esse panorama por meio de três vertentes principais:

1. Transporte automatizado com cabovias elétricas

Um segundo equipamento já faz parte do portfólio da Kaatech: um sistema de cabovias elétricas capaz de transportar os frutos diretamente da floresta até a margem do rio. Similar a sistemas de monotrilhos, essa tecnologia suprime a necessidade de carga manual, diminuindo o tempo de deslocamento e aumentando volumes transportados.

Esse sistema não só beneficia a logística florestal, mas também desloca o operado­r entre os açaizais de forma rápida e segura — um forte ganho em eficiência e bem-estar.

2. Melhoramento genético das mudas

No laboratório da Kaatech, engenheiros agrônomos e geneticistas vêm desenvolvendo mudas de açaí com maior resistência a pragas, doenças e condições adversas. O objetivo é entregar plantas com performance superior em produtividade, adaptadas à realidade local da Amazônia.

Esse trabalho impacta diretamente a produção: muda mais vigorosa significa cacho mais pesado, produção mais estável e ciclo agroindustrial mais previsível — o que reflete também na renda dos ribeirinhos.

3. Açaí em pó com tecnologia proprietária

Sob a marca Açaí Kaa, está previsto para breve um lançamento no mercado: o açaí em pó de alta qualidade, produzido com tecnologia própria de conservação dos nutrientes originais do fruto — mantendo impressionantes 99% das características nutricionais do açaí fresco. Um passo importante para ampliar a durabilidade e portabilidade do produto para variados públicos.

Imagine um açaí em pó que preserve sabor, cor e micronutrientes — e que seja versátil: usado em smoothies, suplementos, alimentos funcional ou bebidas naturais. A novidade promete conquistar paladares nacionais e internacionais, reforçando também o papel do Estado do Pará como celeiro de produtos genuinamente amazônicos.

O ecossistema do agronegócio amazônico do Grupo Kaa

O Grupo Kaa estrutura, em Icoaraci (Belém), um complexo industrial completo, com o propósito de garantir:

  • Empregos em larga escala: mais de 4.000 vagas diretas e indiretas;
  • Fábricas de tecnologia: desde produção de basquetas biodegradáveis até montagem de equipamentos e processamento de açaí em pó;
  • Energia renovável no local: usinas que convertem o caroço do açaí (resíduo natural) em energia elétrica, zerando consumo de energia externa.

Essa configuração cria um verdadeiro ecossistema, onde são contemplados desde o produtor ribeirinho até o consumidor urbano. O CEO Feliciano resume bem esse ideal:

“Criamos um ecossistema que integra eficiência, respeito à floresta e inovação — desde a geração da muda até o consumidor final.”

Como o Açaibot funciona?

Embora ainda não divulgado o passo a passo completo, sabe-se que o robô conta com:

  • Braços robóticos comandados por controle remoto;
  • Sensores de proximidade e inclinação, garantindo precisão mesmo em terreno irregular;
  • Bateria de longa duração, capaz de suportar uma manhã de trabalho contínuo;
  • Estrutura modular, possibilitando manutenção facilitada no campo;
  • Treinamento simplificado, com operadores aprendendo em poucas horas.

A Kaatech aposta na adoção em larga escala por conta da eficiência, produtividade e da facilidade de uso, especialmente em comunidades que dependem da extração do açaí como principal fonte de renda.

Impactos socioeconômicos intensos

Essa revolução tecnológica traz grandes consequências na Amazônia:

1. Renda dos ribeirinhos
Aumentos de até dez vezes na produção por jornada significam aumento direto na renda, com potencial de reduzir desigualdade local e estimular a economia da floresta.

2. Educação e segurança
Com menos injúrias no trabalho e eliminação do trabalho infantil, abre-se espaço para a consolidação de direitos tradicionais, como ensino básico e infância livre de exploração.

3. Redução de resíduos e uso de discartáveis
O uso de basquetas biodegradáveis diminui o consumo de plástico ou madeira não renovável — alinhado às metas de sustentabilidade.

4. Valorização do açaí no mercado global
A ampliação da produção aliada à distribuição inteligente (via cabovias e açaí em pó) amplia a presença do produto brasileiro em mercados internacionais, agregando valor e gerando exportações.

5. Fortalecimento da cadeia de fornecedores locais
A demanda por peças, peças de manutenção e fornecimento de matéria-prima amplia o comércio regional e cria sinergias entre empresas e startups.

Palavras dos protagonistas

Marcelo Feliciano, CEO da Kaatech:
“Nosso objetivo é que o Açaibot seja parte de uma transformação profunda: liberar o trabalho manual, evitar acidentes, proteger as crianças, melhorar renda. A tecnologia está chegando ao campo de maneira simples de usar, mas com efeitos ampliados.”

Adalto Barbosa, sócio/investidor do Grupo Kaa:
“Melhoramos cada detalhe: dos cabos ao software, da segurança do operador à robustez do sistema. É tecnologia nacional, nascida na Amazônia, feita sob medida para as condições daqui.”

Desafios e perspectivas futuras

A introdução do Açaibot e do sistema de cabovias não vem sem desafios:

  • Disseminação da tecnologia: é preciso formar operadores, embora a complexidade técnica seja baixa, ainda depende de capacitação local.
  • Manutenção no campo: equipamentos de robótica exigem peças de reposição, a Kaatech, porém, está estruturando rede de atendimento nos territórios ribeirinhos.
  • Acesso ao crédito: muitos produtores precisam de suporte financeiro para fazer o investimento inicial. A venda em pré-venda com entrada de 20% e financiamento facilitado já sinaliza uma estratégia.
  • Adaptação cultural: comunidades tradicionais podem receber a novidade com resistência — mudar o modo de trabalho é sempre um processo gradual.

O Festival do Açaí ganha novo significado

A exposição no Festival do Açaí, que mobiliza milhares de visitantes, produtores e profissionais do setor, será o palco ideal para mostrar a engenhosidade local em prática. O evento ganha um significado aumentado: não é apenas um ponto de encontro cultural, mas também um laboratório vivo de modernização tecnológica.

Durante o festival, os visitantes poderão:

  • Ver o Açaibot em ação no estande da Kaatech;
  • Conhecer o sistema de cabovias elétricas em demonstrações práticas;
  • Provar amostras de açaí em pó com tecnologia inédita;
  • Conhecer os processos de fabricação sustentável do complexo industrial.

Para Belém, o impacto cultural será significativo, a cidade se reafirma como um polo de inovação verde, conectando a tradição do açaí à tecnologia do agronegócio moderno.

Visão de futuro: Amazônia inteligente e sustentável

A meta do Grupo Kaa vai além da colheita por um robô. O plano é desenhar uma Amazônia inteligente, na qual tecnologia, sustentabilidade e bem-estar caminham juntos.

Fazem parte desse projeto:

  • Expansão do uso de robôs por diferentes culturas;
  • Monitoramento ambiental com drones e sensores IoT;
  • Criação de cooperativas tecnológicas;
  • Consolidação de mercados de açaí em pó, cabovias e biogás;
  • Expansão para exportação de tecnologia verde amazônica.

 

Tradição e inovação entrelaçadas

O lançamento do Açaibot representa um divisor de águas. Ele simboliza a união entre:

  • Tradição — a cultura centenária da colheita de açaí na Amazônia, genuína e ancestral;
  • Inovação — tecnologia nacional sensível ao território, pensada por paraenses para paraenses;
  • Sustentabilidade — compromisso claro com a floresta, a economia local e geração de energia limpa.

Mais do que um equipamento, o robô é parte de um projeto visionário. O sistema de cabovias, o açaí em pó, o complexo industrial verde e a rede sustentável de produção compõem uma estratégia de desenvolvimento que pode ser implementada em outros biomas brasileiros e, por que não, em outras regiões tropicais do mundo.

O que se vê, enfim, é a Amazônia posicionando-se como berço de soluções rurais inovadoras, onde tecnologia e tradição caminham lado a lado. O Festival do Açaí, neste ano de 2025, será palco para o início dessa virada de cultura, economia e futuro.