A nova edição da Revista Pará+ revela um panorama vibrante e cheio de esperança sobre os rumos da Amazônia e seu papel decisivo no combate à crise climática. Os conteúdos deste número reúnem ciência, política pública, inovação e comunidades tradicionais para mostrar uma transformação em curso: a construção de uma economia verde que nasce da floresta e respeita seu tempo, sua gente e sua diversidade.

O Pará chegou à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Belém, como um laboratório vivo de soluções. A COP30 marcou um divisor de águas, não apenas para o Estado, mas para o Brasil e o mundo. Ao afirmar que esta seria a “COP das Soluções”, o governador Helder Barbalho reforçou que o Pará quer ser lembrado pelas respostas que oferece, e não pelos problemas que herda. Nesse espírito, políticas públicas, obras estruturais, inovação científica e projetos socioambientais foram organizados para demonstrar avanços reais – especialmente em bioeconomia, restauração florestal e infraestrutura urbana sustentável.
Infraestrutura e Preparação Urbana para a COP30
A preparação de Belém para receber o maior evento diplomático do mundo foi pensada como um reposicionamento estratégico da cidade. Não se tratou apenas de entregar obras, mas de redesenhar o modo de viver, circular e crescer no território. Em um ano e meio, cerca de R$ 5 bilhões foram investidos em intervenções urbanas que mudaram o cotidiano da capital.
Entre as obras de maior impacto estão:
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A duplicação da operação do Aeroporto Internacional de Belém, realizada com recursos privados.
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A implantação do BRT Metropolitano, reorganizando o fluxo de passageiros na Região Metropolitana.
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A construção de uma ponte estaiada de 600 metros, ligando áreas estratégicas da capital e integrando diferentes zonas.
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A inauguração da maior Estação de Tratamento de Esgoto da história de Belém, a ETE Una, capaz de tratar até 475 litros por segundo em uma área de mais de 23 mil m².
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A urbanização de 13 km de canais drenados, reduzindo alagamentos e ampliando áreas de convivência.
Para receber os participantes da COP30, dois navios foram ancorados no Porto de Outeiro, transformando-se em hotéis flutuantes que disponibilizaram 5 mil leitos. O próprio terminal portuário foi revitalizado para garantir segurança e conforto aos visitantes.
Bioeconomia como Ponto de Virada para a Amazônia
O Pará busca consolidar um novo modelo de desenvolvimento onde a floresta viva vale mais do que a floresta derrubada. O Estado é um dos poucos do Brasil com estoque real de carbono capaz de gerar renda, e tem se posicionado como pioneiro em concessões de restauração florestal.
A lógica dessa nova economia é simples e poderosa:
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substituir a extração predatória por bioindústrias;
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trocar a degradação pela restauração;
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transformar dependência econômica em inovação genética e tecnológica.
Cadeias como a do cacau e do açaí já reconfiguram antigas áreas desmatadas, gerando renda e apoiando a recuperação ambiental. A rastreabilidade, a governança e o uso de tecnologias para monitoramento consolidam o Pará como referência em economia florestal.
Uso Responsável do Solo – Do Pasto à Floresta
Para transformar a produção rural sem abrir novas fronteiras de desmatamento, o Estado aposta em políticas de baixas emissões. A pecuária rastreável, por exemplo, permite acompanhar cada animal e evitar a criação em áreas ilegais.
Com a intensificação produtiva, a capacidade aumenta de uma para até três cabeças por hectare. Isso significa que o Pará pode triplicar o rebanho sem derrubar mais árvores. Na COP30, o Estado apresentou à ONU uma proposta integrada que reúne infraestrutura sustentável, uso inteligente do solo e economia verde baseada na floresta.
Conservação em Ação – O Retorno das Ararajubas
O colorido das ararajubas (Guaruba guarouba), símbolo nacional, voltou aos céus de Belém graças ao Projeto de Reintrodução e Monitoramento conduzido pelo Ideflor-Bio, em parceria com a Fundação Lymington.
Antes localmente extinta, a espécie agora ganha novos capítulos:
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58 aves já foram reintroduzidas na natureza.
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Sete nasceram em território paraense, fruto de reprodução natural.
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A aclimatação ocorre no Parque Estadual do Utinga, onde as aves aprendem a reconhecer frutas amazônicas, se socializar e treinar voo.
Alguns filhotes nascidos recentemente já são chamados de “jubinhas belenenses”, símbolo de resiliência e sucesso da conservação.
As ararajubas têm papel ecológico vital: dispersam sementes, equilibram cadeias ecológicas e funcionam como indicadores da saúde dos ecossistemas. O Pará demonstra ao mundo que recuperar espécies ameaçadas é possível com ciência, cuidado e persistência.
Gigantismo da Floresta – Árvores Monumentais e Ecoturismo
No Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, o Ideflor-Bio lançou o catálogo das Unidades de Conservação e apresentou o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia – a 29ª Unidade de Conservação do Estado, com 560 mil hectares.

Essas gigantes:
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contribuem intensamente para a formação dos rios voadores;
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sustentam a biodiversidade local;
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regulam chuvas em outras regiões do país.
O governo trabalha para transformar o parque em destino de ecoturismo de alto valor, envolvendo comunidades tradicionais e fortalecendo a renda local. A participação comunitária é vista como indispensável para que conservação e desenvolvimento caminhem juntos.
Inovação Energética – O Barco de Hidrogênio Verde
A transição energética ganhou forma concreta com o lançamento do primeiro barco 100% movido a hidrogênio verde da América Latina. Desenvolvido pela Itaipu Parquetec, o modelo foi apresentado na COP30 como vitrine de um futuro menos poluente.
O barco:
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emite zero gases de efeito estufa;
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produz apenas água pura como resíduo;
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funciona sem ruído;
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possui sistema complementar de energia solar.
A embarcação será utilizada para a coleta seletiva de resíduos nas ilhas de Belém, apoiando trabalhadores recicladores. Um posto náutico será construído para garantir abastecimento contínuo de hidrogênio verde produzido localmente.
O potencial para transporte de passageiros e redução de impactos na Margem Equatorial estão entre as aplicações futuras.
Economia Circular em Movimento – Pix por Recicláveis
Em plena Praça Princesa Isabel, Belém inaugurou a primeira Estação Preço de Fábrica da Região Norte. A iniciativa, parceria entre Grupo Boticário, Green Mining e Prefeitura de Belém, oferece crédito via Pix para quem entrega materiais recicláveis.
O processo é simples:
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A pessoa se cadastra no aplicativo.
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Leva materiais como papel, papelão, PET e vidro.
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Ao acumular valor mínimo, recebe Pix automaticamente.
O pagamento é acima do valor médio de mercado, o que beneficia catadores e quem precisa de renda extra. A proposta demonstra como a economia circular pode ser democratizada e conectada ao cotidiano urbano.
Fortalecendo as Bases – O Fórum da Agricultura Familiar
O I Fórum Internacional da Agricultura Familiar e Comunidades Tradicionais reuniu representantes de 11 países na Agrizone da COP30. Ali, agricultores, pesquisadores e gestores trocaram experiências sobre clima, restauração, regularização fundiária, financiamento e tecnologia.
O Pará apresentou políticas estruturantes do Plano Amazônia Agora (PAA), que reúne cerca de 20 instrumentos para apoiar:
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produção de baixo carbono;
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pagamento por serviços ambientais;
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pecuária sustentável;
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assistência técnica qualificada.
Inovações como o aplicativo Ater Paid’Égua, criado pela Emater, permitem que agricultores de áreas remotas tenham acesso a orientações técnicas – mesmo sem internet contínua.
Fauna e Clima – A Importância da Dispersão de Sementes
Um estudo do MIT reforçou o elo direto entre biodiversidade e mitigação climática. Em florestas tropicais, a perda de animais dispersores de sementes reduz drasticamente a capacidade de regeneração e, portanto, a absorção de carbono.
Principais descobertas:
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Florestas com fauna preservada podem absorver até quatro vezes mais carbono.
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A interrupção da dispersão reduz o recrescimento em 57%.
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A perda desses animais significa perder um dos pilares que sustentam as florestas tropicais como o maior sumidouro de carbono terrestre.
Os pesquisadores defendem intervenções como corredores ecológicos, restrição ao tráfico de fauna e restauração de habitats para garantir a continuidade desses serviços ambientais essenciais.
Governança Pesqueira – Dados para Fortalecer Comunidades
A pesca artesanal é vital para milhares de famílias, mas sofre com a falta de dados confiáveis sobre produção, rotas e sazonalidade. Sem números consistentes, políticas públicas se tornam frágeis e investimentos mal dimensionados.
Monitoramento participativo é apontado como solução imediata:
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pescadores registram capturas, espécies e locais;
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formulários simples ou apps offline garantem padronização;
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dados fortalecem cooperativas em negociações e políticas de fomento.
Com infraestrutura adequada — como câmaras frias comunitárias e pontos de comercialização —, a renda aumenta e perdas são reduzidas. Mas qualquer investimento depende de uma base sólida de informações.
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